Setembro mortal: confrontos policiais em Salvador e RMS mataram 3 vezes mais do que no Rio de Janeiro e Recife juntos

Atualmente, Salvador está atolada em uma onda de violência, com quase tiroteios. Esse cenário pode ser representado por meio de um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado (IFC), que aponta a capital e região metropolitana (RMS) da Bahia como a mais letal em termos de operações policiais, entre as regiões em que a organização do estudo trabalha para coletar dados. . . dados. Ou seja, segundo o IFC, em setembro Salvador e RMS registraram 3 vezes mais mortes do que as localidades do Rio de Janeiro e Recife e suas regiões metropolitanas juntas.

O estudo do IFC foi realizado entre 1 e 28, a pedido do CORREIO. Segundo os dados, 68 mortos e treze feridos ocorreram em 71 tiroteios em operações policiais na capital baiana e na RMS, que hoje tem 3,4 milhões de habitantes, segundo o censo divulgado neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Janeiro e seu domínio metropolitano, que supera em 4 vezes a população do domínio metropolitano da Bahia (12,1 milhões), no mesmo período foram treze mortos e 21 feridos e 33 confrontos com a polícia.

Em Rectife e sua área metropolitana, que tem uma população de 3,4 milhões de habitantes, a IFC registrou 6 mortes, 10 episódios de ataques de resistência e outras 4 pessoas ficaram feridas. O instituto usa a tecnologia para produzir e disseminar conhecimento aberto e colaborativo sobre a violência armada. O laboratório de conhecimento da instituição produz 40 novos cartazes sobre violência nos espaços metropolitanos do Rio, Recife e Salvador.

Bahia

Na Bahia, o número de mortos em confrontos com as forças de segurança em setembro chegou a pelo menos 82. Isso representa aproximadamente três mortes por dia no estado devido a ações policiais.

Esses dados vêm com o levantamento do IFC, até quinta-feira (28), e os casos ocorridos até sábado (30) atualizados por meio do relatório em artigos publicados anteriormente, bem como os casos registrados em localidades não rastreadas pelo instituto. . Tentamos com o IFC, neste domingo (1), atualizar o levantamento até o dia 30. Mas, segundo o instituto, esse número só será divulgado na segunda-feira (2).

Nesta sexta-feira (29) foram registradas nove mortes: uma em Salinas da Margarida, 3 em Salvador, 4 em Santo Amaro e mais uma em Itapetinga. Além disso, na terça-feira (26), houve cinco mortes em Acajutiba, cidade vigiada. através do IFC.

No Alvador, dois suspeitos foram mortos por policiais militares após um confronto na comunidade de Nova Brasília. Operação Alvorada, que teve início na madrugada desta sexta-feira. De acordo com a Polícia Militar (PM-BA), foi apreendido um revólver Array calibre 38, com 4 munições usadas e uma intacta, uma pistola 9 mm e uma mochila contendo quantidades de cocaína, maconha e uma balança de precisão.

A terceira morte registrada nesta sexta-feira em Salvador ocorreu na comunidade de Valéria, mesmo local onde outras cinco pessoas morreram há 15 dias, além do policial federal Lucas Caribé, que chamou a atenção nacional. O Combate ao Crime Organizado (FICCO) realizou uma operação na comunidade que resultou na morte de um homem após confronto, na prisão de um usuário e na apreensão de drogas, armas e celulares.

A vítima de Salinas das Margaridas foi levada para um ginásio após uma troca de tiros com policiais do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital, segundo dados da guarnição. Os policiais estavam em patrulhamento quando se depararam com o suspeito armado.

Em Santo Amaro, 4 homens morreram em uma operação policial no bairro de Acupe. Policiais militares foram até a Rua da Prainha para apurar denúncias de que homens armados estariam promovendo drogas na região.

De acordo com a Polícia Militar, as organizações surpreenderam a organização e um tiroteio se seguiu. Ao final dos combates, 4 homens ficaram feridos. Eles foram transferidos para o Hospital Nossa Senhora Natividade, em Santo Amaro, mas não se recuperaram e morreram. Foram apreendidos armas, drogas e R$ 4 mil.

Em Itapetinga, o confronto ocorreu entre policiais e um suspeito no bairro Itajá. A Polícia Militar informou à TV Santa Cruz que o sujeito está sendo investigado por sua participação em uma tentativa de homicídio ocorrida na terça-feira (26), na cidade de Firmino Alves. Familiares negaram qualquer envolvimento no crime e organizaram um protesto para bloquear a rodovia BA-262. O homem chegou a ser socorrido, mas chegou morto ao hospital.

Em Acajatiba, cinco supostos traficantes foram mortos por meio da Operação Paz da Polícia Militar, que resultou na apreensão de seis armas de fogo, maconha, cocaína e crack na cidade conhecida como Estrada do Cumbe. De acordo com o primeiro-ministro, as organizações estavam intensificando o policiamento quando foram chamadas para relatar que homens fortemente armados estavam escondidos em um abrigo improvisado em uma área arborizada. Quando a polícia chegou, a organização tentou fugir, mas foram ouvidos tiros.

Anistia

A Anistia Internacional publicou nesta quarta-feira (27) uma nota pública criticando o governo da Bahia pelo número de mortes registradas em confrontos estaduais com a polícia. A Anistia Internacional Brasil não é fácil com uma ação forte dos governos estadual e federal para responsabilizar todos os envolvidos nos movimentos que levaram a essas mortes, somando cadeias de comando. Para conseguir isso, investigações rápidas, independentes e eficazes precisarão ser abertas, funcionários diretamente envolvidos precisarão ser evacuados e as armas usadas precisarão ser protegidas. “dizia a nota.

A Anistia Internacional disse que a luta contra o crime organizado “não pode ser usada como justificativa para graves violações de direitos humanos no Estado”. No dia 25, o governador Jerônimo Rodrigues se reuniu com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em Brasília, para pedir reforços. Dino garantiu a ampliação de recursos para a aquisição de dispositivos e tecnologia, com o objetivo de fortalecer as operações conjuntas.

Peritos

O CORREIO pediu a especialistas em proteção pública que comentassem a investigação da IFC. “O conhecimento dá o tom dos números de guerra que enfrentamos: são apenas três mortes por dia. O estilo “guerra às drogas” de proteção pública fracassou. Alguns estabelecimentos reconhecem a falência, entre eles o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o contexto de segurança na Bahia “é uma das situações de maior demanda por segurança pública no Brasil”, disse Wagner Moreira, do Instituto IDEAS.

O coronel Antônio Jorge, coordenador do curso de Direito do Centro Universitário Estácio FIB, na Bahia, disse que “já ultrapassamos, como aconteceu no Rio de Janeiro, os limites da ação puramente policial”. às facções criminosas que, por sua vez, lutam entre si por territórios. Que opção resta para o sistema de proteção pública?Apresentar confrontos entre o crime organizado ou intervir?Na maioria dessas operações, a polícia foi chamada por causa dos tiros. E quando os policiais chegam nesses locais, os membros dessas organizações não hesitam em confrontar e emboscar os agentes de segurança”, disse.

De acordo com a Diretoria de Comunicação Social (DCS) da Polícia Militar, cinco policiais do Exército foram mortos neste ano, sendo 4 em serviço. No ano passado, 12 PM perderam a vida (um em serviço, 8 em repouso e 3 na reserva).

Operações

A maioria dos casos registrados neste mês é resultado de operações policiais contra o tráfico de pessoas. No Alto das Pombas, 10 suspeitos foram mortos em confronto com policiais militares entre os dias 4 e 5 de setembro. Antes, na cidade, havia ocorrido um confronto entre as facções do Bonde do Maluco (BDM), que atua na área, e o Comando Vermelho (CV), organização rival que busca invadir a praça e a área. A polícia teve que intensificar suas ações no local, especialmente depois que cidadãos foram feitos reféns. Outras oito pessoas foram presas.

No último dia 15, o bairro de Valéria foi palco de uma megaoperação das Polícias Civil e Federal, que deflagrou a Operação Fauda, que resultou na morte do policial federal Lucas Caribé Monteiro, de 42 anos, e de quatro homens suspeitos de integrar um grupo criminoso. O CORREIO demonstrou que a comunidade tem um longo histórico de conflitos entre facções devido à sua localização geográfica que facilita a atividade criminosa.

No dia 22, a Polícia Civil deflagrou a Operação Saigon em Águas Claras. Pelo menos outras seis pessoas morreram e 15 foram presas. Uma dessas mortes ocorreu em um condomínio na Rua Presidente Médici, onde cidadãos afirmam que houve uma “execução”. por meio de agentes policiais que invadiram as residências e capturaram um jovem conhecido como Lucas, que entre os objetivos da operação naquele dia executou captura e busca mandados de prisão contra uma organização investigada por tráfico de drogas. e mais de 30 homicídios.

“Entraram aqui no prédio, invadiram o apartamento do segundo andar onde estava meu genro e levaram ele para o terceiro andar. No apartamento 303, onde mora minha mãe, arrombaram a porta, quebraram tudo e atiraram em várias pessoas. tiros. tiros depois que expulsaram todo mundo e saíram com ele dentro”, disse o sogro do jovem ao CORREIO naquele dia. Ele disse ainda que o menino nunca havia sido notado pela polícia ou envolvido no crime e não houve resistência quando a polícia chegou aos apartamentos do complexo localizado no bloco 22. Segundo ele, enquanto estava fora do apartamento, 8 foram ouvidos tiros vindos do local. A operação foi realizada por meio do Departamento de Homicídios e Pessoal. Proteção (DHPP) e também contou com a participação e apoio da Polícia Federal.

Na quarta-feira (27), dois homens foram mortos por policiais na região da Vila Praiana, em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. De acordo com a Polícia Civil, grupos da Diretoria Especializada de Investigações Criminais (DEIC) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Núcleo) estavam registrando o domínio para localizar supostos traficantes quando foram baleados. Houve reação e dois dos suspeitos foram mortos a tiros.

Posicionamento

Sobre os números do IFC, a Polícia Civil disse que “não comenta conhecimentos colhidos por meio de outras instituições”. O CORREIO também solicitou um posicionamento da Polícia Militar da Bahia (PM/BA) e da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP/BA), mas nenhuma reação foi recebida.

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