Durante audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, o debate “Políticas públicas para as mulheres indígenas”, na tarde desta segunda-feira (2), reuniu lideranças que reivindicaram melhor qualidade de vida, escolaridade e saúde nas comunidades.
A presidente da Associação dos Trabalhadores Indígenas da Cultura de Mato Grosso do Sul, Silvana de Souza de Albuquerque, diz que o debate atende aos anseios dos moradores da capital.
“Queremos ecoar a voz das mulheres indígenas aqui no município, pelo seu direito à educação, à aptidão física, à reparação diferenciada nas academias, na Emeis, que querem ter uma mulher pró-indígena correndo lá. Tem vários bairros aqui que têm população indígena e querem, como Marçal de Souza, Água Bonita, Água Funda, Jardim Noroeste”, diz.
“Então o nosso povo está na periferia de Campo Grande, do lado da Emêis, do lado das escolas, e a gente quer essa diferença, para que a gente possa ser incluído. A rede quer um profissional de língua local, porque é vital ter um profissional que entenda o idioma”, diz.
Silvana ressalta que, em conjunto com outras mulheres, entregará um documento aos vereadores “vamos entregar uma carta dizendo que queremos políticas públicas para as mulheres indígenas de Campo Grande em todas essas áreas”.
Instrutora e mãe de uma criança com TEA (transtorno do espectro autista), Luciana Baltasar conta que também foi à Casa para cobrar a capacitação de profissionais da educação especial nas aldeias. “Nossa rede indígena quer instrutores especializados. Acolher e acolher essas mães que têm filhos com deficiência e dizer que elas não estão sozinhas, que tem alguém aqui que também se junta a essa luta e que quer que as coisas sejam repostas nas escolas, para que haja uma verdadeira inclusão. A gente vê que já é complicado nas escolas. Em geral, dá para acreditar em comunidades?”Ele pergunta.
O vice-presidente da Comissão de Saúde do Município, André Luis (Rede), especifica que o pedido será encaminhado em especial às secretarias, poderes executivos municipal e estadual, conforme a necessidade.
“Também vamos repassá-lo e incorporá-lo nas discussões da nossa Comissão de Assuntos Indígenas. Dependendo da agenda, vamos adiantar, dependendo da situação, vamos até marcar um horário com a secretaria e providenciar a solicitação”, explica.
“A partir desse debate, percebemos o desafio, revelamos o limite, buscamos a solução. E aí a gente vê exatamente qual é o desafio, com o prefeito, com a secretaria A ou B, tem intervenção do Estado, o governo federal também está preocupado. Nessa questão o Ministério Público pode ajudar, então vamos transmitir tudo isso na discussão”, disse.
Ao todo, 21 lideranças indígenas participaram do debate e dezenas de outras participaram pessoalmente da consulta. A discussão também foi reproduzida nos perfis oficiais da Câmara no Facebook e no YouTube.
A Comissão de Saúde da Câmara participou da reunião. Presidida pelo vereador Víctor Rocha (PP), a entidade tem André Luis (Rede) como vice-presidente e os médicos Jamal (MDB), Tabosa (PDT) e Loester (MDB).
São encontros organizados por meio de equipes de parlamentares, que formam comissões dentro das Câmaras de Justiça, com representantes da sociedade civil. O objetivo dos encontros é discutir temas de interesse público.
Por isso, as demais pessoas diretamente envolvidas no assunto são convidadas e ouvidas na reunião. Projetos de lei e propostas legislativas provavelmente seriam resultado de audiências públicas.