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Por Hora do Povo Postado em 29 de setembro de 2023
Produtores de leite do Rio Grande do Sul protestaram contra as importações de laticínios do Mercosul. A ocasião aconteceu na última quarta-feira (27) em Frederico Westphalen (RS), organizada por meio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag).
O vice-presidente da entidade, Eugênio Zanetti, disse que, caso o governo federal não atue, os protestos podem se espalhar pelo país.
A entidade estima que 700 fabricantes participarão da manifestação de hoje, além de 50 tratores. Agricultores se mobilizaram no entroncamento que abastece o município.
Os manifestantes encerram a via e distribuem panfletos aos motoristas, alertando para a crise enfrentada pelo setor e suas consequências na sociedade. Depois de um tempo, eles estão livres para continuar sua jornada.
“Lideranças, vereadores e prefeitos da região aderiram ao movimento. É um protesto não violento”, disse Zanetti.
O setor de laticínios precisa que o governo federal tome medidas mais rígidas contra a importação de leite dos países do Mercosul. Segundo ele, o volume que entra no Brasil gira em torno de 12% da produção nacional.
Segundo a plataforma ComexStat, do governo federal, as importações de leite e laticínios atingiram 159,4 mil toneladas de janeiro a agosto deste ano, mais que o dobro das 64,4 mil toneladas adquiridas no mesmo período em 2022.
Entre março e setembro, o preço reage devido ao inverno no Sul e à seca no Centro-Oeste e Sudeste, diz Zanetti. No entanto, isso não aconteceu este ano devido ao fluxo de leite estrangeiro.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) estima que o litro de leite coletado em julho, último conhecimento disponível, foi cotado a R$ 2,1883 no Rio Grande do Sul, 20% a menos que a média de março. em 2022, o produto subiu mais de 50%, para R$ 3,40 por litro.
Hoje, as pastagens começam a se acumular à medida que o período chuvoso e o verão reduzem o consumo do produto, situação que deve pressionar ainda mais os preços internos.
“O cenário é contraditório até agora. Recebemos notícias de fabricantes que recebem R$ 1,04 por litro, da taxa de produção, que é mais de R$ 2,20”, explica o vice-presidente da Fetag-RS.
A Federação Gaúcha está em contato com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. O setor espera que os governantes tragam boas notícias ao Estado, quando uma comitiva de ministros deve anunciar medidas de socorro. para os atingidos pela cheia do rio Taquari.
“Se não houver medidas fortes para o produtor, seja subsídio ou proibição de importações, vamos acentuar as mobilizações. Estamos em contato com outras federações para iniciar uma moção em nível nacional”, disse.
Segundo dados do Cepea, o valor do leite pago aos fabricantes caiu nos últimos anos, segundo a pesquisadora do Cepea Natália Grigol, essa redução está relacionada, segundo ela, ao aumento das importações, ao enfraquecimento da demanda interna e à redução da produção. Custos.
O pagamento feito em agosto passado, referente à captura do produto em julho, segundo a “Média Brasil” líquida, teve preço médio de R$ 2,42 por litro. Isso significa um corte de 5,69% em relação ao último pagamento e uma redução de 35% em relação ao mesmo período do ano passado.
O especialista lembra que em 2022 houve uma queda na coleta de leite no país em torno de 5%, o que culminou em aumentos significativos observados em meados do ano passado.
Esse cenário explicado por Natália, desde o início do ano com uma safra leiteira com baixo consumo e preços emergentes dos fabricantes, e agora, uma baixa temporada com valores em queda, reflete esse cenário observado em 2022. Precisamente, com a queda das capturas, o movimento das importações de leite aumentou e a demanda interna não se recuperou.
“Esse é um cenário em que é difícil para o fabricante enxergar uma atitude de investimento para atrair no Brasil, já que o setor vive movimentos duvidosos e imprevisíveis. É preciso colocar em prática medidas estruturais, que terão que crescer do setor produtivo para o consumidor, para que o mercado brasileiro de lácteos seja mais competitivo”, disse.