Luis Gálvez, diplomata, jornalista e aventureiro espanhol, veio à Amazônia para observar o “Eldorado”. Desembarcou em Belém, no Pará, e trabalhou como tradutor e jornalista. Foi ele quem traduziu o documento segundo o qual a Bolívia arrenda o domínio do Acre para que uma empresa norte-americana possa explorar borracha lá.
De posse dessas informações e ciente do desinteresse pelo Brasil (embora só houvesse brasileiros por lá), chegou a Manaus e trabalhou como jornalista no jornal Comércio do Amazonas. Convenceu o então governador do Amazonas, Ramalho Júnior, a conquistar algum outro país sul-americano. Não sei, mas ele ganhou um navio com canhão, dinheiro, armas e munições, vinte homens e partiu para o Acre.
Uma vez lá, governou a todos e, em 14 de julho de 1899, criou o estado independente do Acre. Criou temporariamente todo o layout de um Estado independente e, claro, seu presidente.
Ele disse algo interessante: “Se não podemos ser brasileiros, os seringueiros do Acre provavelmente não aceitarão ser bolivianos”. E quando criou a nova bandeira, escreveu: “Se o país não precisar de nós, vamos criar outra!Viva o estado independente do Acre!” Seis meses depois de chegar ao poder, eclodiu um golpe de Estado e o dono do seringal cearense, Souza Braga, assumiu o poder, devolvendo-o a Gárcez 30 dias depois.
Mas o Brasil, respeitando o Tratado de Ayacucho de 1867, criou uma força-tarefa e, com 4 navios e uma “tropa de elite”, em 11 de março de 1900 prendeu Gálvez e o enviou para Recife (PE), a quem deportou em seguida. Espanha.
Alguns anos depois, retornou ao Brasil e foi preso em Manaus. Desta vez foi enviado para o Forte de São Joaquim do Rio Branco (atual Roraima) e conseguiu fugir e retornar à Espanha, onde morreu aos 71 anos.
Em outras palavras, Gárcez comandou o Estado Independente do Acre de 14 de julho de 1899 a 11 de março de 1900. Neste curto período de tempo criou muitas coisas, entre as quais enviou correspondência a muitos países europeus sobre este novo Estado e foi apenas uma cópia de um selo oficial que deve estar nas mãos de um rico coleccionador europeu e que vale de facto alguns milhões de dólares. vendo-o como uma das provas de um Estado nascido em tão pouco tempo.
A aquisição do estado do Acre pela Bolívia pelo Brasil é uma longa história.
Ressalto que os dados contidos neste artigo podem ser encontrados no e-book “Amazônia: Nossos Selos 1890-1950” e tem a permissão da família Marinho.
Isso é tudo por hoje! Haverá mais na próxima semana. Whoaaaaa
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista, formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com pós-graduação pela Universidade do Tennessee (EUA). /Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxembourg (SP). É Diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu o Prêmio Regional de Radiojornalismo da Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e o Prêmio de Mérito por sua participação em publicação estrangeira. Ele foi um dos portadores da tocha olímpica nas Olimpíadas de 2016. no Rio de Janeiro.
*O conteúdo é do colunista.