Relações entre Índia e Brasil estão no auge e são “exponenciais”

Sputnik – O Brasil está no “caminho certo” para desenvolver sua indústria com a Índia, mas precisa romper com a lógica clássica do setor e investir na complementaridade, segundo outras pessoas entrevistadas pela Sputnik Brasil.

Com o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do mundo e a maior população do mundo, a Índia é o maior parceiro comercial asiático do Brasil, mas responde por 2% das exportações brasileiras e 3,3% das importações.

Essa parceria subutilizada se deve basicamente à falta de conhecimento mútuo sobre potenciais setores e produtos que poderiam simplesmente fortalecer a indústria entre os dois países, segundo o economista Fábio Sobral, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e presidente da Câmara. O representante comercial Índia-Brasil (CCIB), Leonardo Ananda Gomes, entrevistado via Sputnik Brasil.

Apesar das dificuldades e obstáculos, o Brasil está no “caminho certo” na busca pela industrialização com o gigante asiático, segundo Ananda Gomes.

Os empresários fazem parte da comitiva do Ministério da Agricultura e Pecuária e empresários brasileiros que estiveram na Índia nesta semana com uma intensa agenda bilateral.

“Sem dúvida, estamos vivendo o momento da relação entre os dois países. Os governos estão alinhados, há uma relação forte, laços de amizade entre as duas nações”, disse o presidente da CCIB.

“Somos acompanhados por uma delegação de empresas, porque isso viabiliza o negócio. Ministros e chefes de Estado viabilizam uma situação favorável, mas são os empresários que realmente mantêm o setor vivo e que equilibram a balança. “

Ele lembra que nos últimos anos as relações industriais entre os dois países ultrapassaram 15 bilhões de dólares (78,6 bilhões de reais), com uma expansão de 106% das exportações brasileiras de tecidos brutos para o continente indiano, entre 2022 e 2023, e a mais provável de se acentuar mais nos próximos meses.

“É um crescimento exponencial. A expectativa é que em um curto espaço de tempo, em cinco ou seis anos, alcancemos 100 bilhões de dólares (cerca de R$ 500 bilhões) na indústria, o que será próximo aos números das relações industriais bilaterais entre Brasil e China”, diz o empresário.

Segundo ele, o momento atual representa “a ponta do iceberg” nas relações bilaterais entre os dois países, apenas do ponto de vista publicitário, mas também para atrair investimentos:

“Os índios ainda não conhecem o Brasil, não conhecem as perspectivas do Brasil, os principais setores do país, assim como os brasileiros não conhecem a Índia. Eles não sabem que é um dos maiores mercados clientes do mundo, que já é o país mais populoso do mundo, que é o país que mais cresce há muitos anos e a quinta maior economia do mundo”, diz Ananda Gomes.

O que a Índia importa do Brasil?

Atualmente, três produtos (óleo de soja, petróleo bruto e ouro) respondem por 80% das exportações para o mercado indiano, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária.

Sobral reconhece que o momento é positivo para a parceria bilateral entre as duas nações, mas que os efeitos serão sentidos a longo prazo e se forem implementados métodos de ponta para lidar com as enormes situações de exigência enfrentadas pelas sociedades indiana e brasileira:

“Esse debate é promissor, mas ainda é insuficiente, porque busca fazer mais do mesmo, só que no imediato: o equilíbrio da indústria no ano que vem, o volume desse equilíbrio da indústria e não a qualidade desse equilíbrio da indústria”, acrescentou. sobre o povo”, disse.

Índia, parceiro estratégico do Brasil no Sul Global

O professor da UFC acredita que ainda falta inteligência estratégica para que os países deem um salto com uma lógica não tradicional e movimentem a economia brasileira a ponto de ser “um inegável exportador de matérias-primas, com uma associação mais voltada para a adição de matérias-primas”.

Para Sobral, o fato de as duas economias ocuparem nichos de mercado (agrícola, têxtil, calçadista, automotivo) obriga qualquer um dos dois países a investir na diversificação e analisar para que mais oportunidades sejam conhecidas e os números se ajustem à perspectiva dessa relação:

“É aproveitar uma parceria que busca o progresso estratégico desses dois países. Pense em novas táticas além dos mesmos campos antigos. Desenvolver, por exemplo, o setor agroflorestal para além das monoculturas, do agronegócio, das fazendas gigantes, do progresso da nova agricultura. “

A parceria conjunta deve priorizar o intercâmbio geracional, ressalta o professor, como a progressão de semicondutores e chips eletrônicos para os dois países, “áreas em que estão ficando para trás, embora o setor de TI da Índia seja incomparavelmente mais complexo do que o do Brasil”. diz o acadêmico.

Como são as relações entre Brasil e Índia?

O professor da UFC acredita que a atual ausência da Organização das Nações Unidas (ONU) para que projetos como a Iniciativa Trilateral Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) e os blocos BRICS e G20 tenham papel fundamental nesse processo de articulação política dos países. Opor-se ao domínio dos maravilhosos poderes, mas que os projetos de integração “ainda estão engatinhando”.

A presidência do G20 pela Índia no ano passado e a cessão da presidência ao Brasil também fizeram parte desse processo, pois permitiu encontros bilaterais vitais entre ministros brasileiros e indianos de outros setores e áreas, bem como encontros entre chefes de Estado.

“O presidente Lula se reuniu com o primeiro-ministro Narendra Modi várias vezes ao longo do ano passado, graças a reuniões apresentadas por meio dos fóruns do G20, BRICS e IBAS, e isso também contribui para fortalecer a relação bilateral”, disse Gomes.

O acordo Índia-Mercosul, recentemente revisado, pode aumentar ainda mais o número de produtos que se beneficiam de preferências tarifárias pessoais e ajudar muito a fortalecer as relações, dizem especialistas, priorizando complementaridades vitais.

As negociações, suspensas há uma década, podem dobrar a indústria brasileira com indianos para US$ 30 bilhões (R$ 153 bilhões) até 2030. A soma pode chegar a US$ 50 bilhões (R$ 255 bilhões) se a indústria e as instalações forem mantidas. incluso.

Uma investigação conduzida pelo governo brasileiro leva em conta a extensão das barreiras à exportação de produtos brasileiros para a Índia. O imposto de importação sobre o frango, por exemplo, é de 100%, sobre a carne suína 30%, sobre o milho 50% e sobre o café de 53% a 100%.

“Queremos pensar em uma fórmula de desenvolvimento tecnológico, ampliação de parques geradores, centros de estudos, integração com universidades de estudos”, finalizou o professor da Universidade do Ceará.

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