Sim, temos guerra. Rio de Janeiro sequestrado por milícias

Quem mora no Rio de Janeiro tem uma ideia da Faixa de Gaza, da nossa Mariupol, do que fazer em caso de tiroteio ou até mesmo o que fazer se dirigir por engano em uma área de risco. Como a ineficácia da ONU em resolver a guerra entre Hamas e Israel, temos décadas de políticos sem qualquer política de segurança pública efetiva no Estado. Sim, temos retaliações rápidas e violentas contra invasões incomuns de bandidos. Mas nunca trabalhamos para proteger a população mais carente e eliminar o crime de caber em um 3º estado.

Temos uma emergência. A queima de 35 ônibus na Zona Oeste revelou a fragilidade do governo estadual e a crescente audácia dos criminosos. Será uma declaração de guerra? A tensão que se espalhou por vários territórios do Rio de Janeiro, demonstrando a raiva das milícias pela morte de seu número dois, se assemelha às mesmas cenas de quando um alto funcionário do Estado Islâmico foi morto. Coincidentemente, as zonas de milícias são as únicas no Brasil onde policiais civis e militares não podem entrar.

A topografia não é uma justificativa. Historicamente, os traficantes tiveram um momento de organização. Uma organização paramilitar com a comunidade. Houve ajuda de bandidos, enquanto até o momento não há ajuda estatal. A conivência da população estava se fechando. Hoje, com o advento das forças de defesa competindo com bandidos, essa ajuda não existe mais. As forças de defesa obrigam os cidadãos a utilizar as facilidades que oferecem. Nesse caso, há medo. Eles se tornaram mais danosos do que bandidos. E conhecendo as táticas de enfrentamento, combatem os traficantes pelo controle dos territórios. O mesmo aconteceu com Israel e a Palestina.

Desde a década de 1970, as práticas dos proprietários do Jogo do Bicho, que entendiam que suas posses nos espaços não se deviam apenas a vícios, mas também ao medo, iniciaram essa ideologia por meio de autênticas organizações policiais ilegais. Cada contador tinha sua própria organização. Como as famílias mafiosas na Itália. Quando esses personagens caricaturados começaram a desaparecer da cena popular carioca, fragilizando suas famílias, milícias começaram a aparecer, por meio da violência.

De uma situação folclórica para alguns a uma situação de guerra, levou apenas algumas décadas. Bandidos flagrados ateando fogo em alguns ônibus agora são classificados como terroristas. Os espaços de intervenção das milícias se estendem de Santa Cruz até a Barra da Tijuca, onde não há autoridade pública efetiva nas ruas. Uma área onde há poucos dias médicos foram assassinados por engano, acreditando tratar-se de milicianos, e foram condenados pelo tribunal criminal. Ao sair da Zona Oeste e seguir em direção à Zona Sul, percebe uma grande diferença, com a presença de guardas municipais e muitos PMs circulando.

O clima ainda é muito tenso, as lojas de departamento fecham cedo, sem que ninguém saiba o que o poder público vai fazer. Não faz sentido criar infraestruturas críticas, transportes públicos e até instalações recreativas para zonas de conflito. O Rio de Janeiro está sitiado e as forças de defesa estão jogando suas cartas para provar que são donas dessas áreas. A participação de mais de 40 militares da Defesa é realizada por meio de órgãos ativos de militares que fornecem armas, políticos ligados aos interesses dos centros oferecidos, assistência para ocultar e ajudar a monitorar movimentos destrutivos e também o incentivo ético do ex-presidente Bolsonaro.

Assim como os conflitos, a escalada sem precedentes continuará por meses. Cada dia será um sofrimento para uma população que já está sofrendo. E o Rio não é mais a Cidade Maravilhosa da Cidade Nebulosa. A Cidade da Tristeza. Etc.

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