Em uma manhã tranquila e ensolarada, o silêncio da Base Aérea de Canoas (BACO), no Rio Grande do Sul, é interrompido pelo rugido de um motor, seguido pelo som agudo de um avião ligando. O ciclo se repete mais 4 vezes, enquanto os caças F-5 Tiger II da Força Aérea Brasileira (FAB) são ativados para projeto de combate no RS.
Um a um, os aviões avançam sobre o concreto até a borda da pista, onde as peças são inspecionadas uma última vez por mecânicos antes da decolagem. Os aviões seguiram então para a área de Caçapava do Sul, onde constituiriam o inimigo. para mais 8 F-5s que mais tarde decolariam da BACO.
Na chamada área rural, jatos supersônicos disputam superioridade no espaço aéreo gaúcho. Cerca de uma hora depois, a briga havia terminado. Os 12 combatentes, amigos e inimigos, começaram a retornar a Canoas, em esquadrões de 4 aviões, pousando um a um na pista da base aérea do Rio Grande do Sul. Outro projeto realizado como parte do exercício conjunto (EXCON) Escudo Tínia, que estará em vigor até 17/11 no RS.
Nesta guerra dos Pampas, não há mísseis que rasguem os céus, não há bombas que criam crateras e não há uso de munições. Os aviões decolam com mísseis educacionais, ferramentas suficientes para imitar o disparo do dispositivo genuíno e fornecer conhecimento para saber quem abateu o quê e como.
Esta é uma simulação muito vital para que o exército esteja em condições de lidar com um conflito genuíno.
Na mitologia etrusca, Tinia é considerada um deus do ar e por isso optou por convocar o exercício de guerra normal para a arena aérea. Há seis anos, um gigantesco contingente de militares da Aeronáutica é enviado ao RS, onde são realizados treinamentos uma vez por ano.
Desde 2022, a operação passa a se chamar Escudo-Tínia, uma forma de “formalizar” a presença de grupos antiaéreos do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e da própria FAB. Dispostos no solo com mísseis portáteis de curto alcance, chamados MANPADS, eles monitoram os movimentos da Força Aérea na área de treinamento para acompanhá-los.
Na edição deste ano, 33 aeronaves e mais de 1. 200 militares operam a partir da BACO e da Base Aérea de Santa Maria (BASM).
Durante a EXCON Tinia, a BASM e a BACO acolhem um corpo de trabalhadores do exército e tripulações aéreas de todo o país, além dos seus próprios esquadrões.
A base de Canoas recebe as seguintes aeronaves:
A partir da BASM operam:
Ao longo do ano, a Força Aérea realiza uma série de exercícios, porém 3 deles se destacam pela quantidade de recursos envolvidos. Em Campo Grande, a FAB trava uma guerra anormal como componente do Exercício Tapio; em Carranca, em Santa Catarina, o Exército esgota as operações de busca e salvamento; e em Tinia estão treinando para a guerra.
Como explica o coronel Marcelo Zampier Bussmann, comandante do BACO e diretor do exercício, as aeronaves de defesa aérea (F-5s) terão que manter a superioridade aérea por um determinado período de tempo para que outras aeronaves possam cumprir suas missões sem interferência do inimigo.
“Durante este projeto, em que é garantida a superioridade aérea sobre o território, temos vários outros projetos e movimentos aéreos durante este período”, explica o oficial.
Na vigilância aérea, destacam-se os E-99, aeronaves de radar capazes de rastrear alvos a uma distância de mais de 700 km, caracterizadas por um radar montado na traseira. O gigante KC-390 fornece o combustível para estender o voo dos caças.
O C-105 se infiltra nos paraquedistas do exército, enquanto os A-1 e A-4 da FAB e MB simulam ataques em solo, que são inspecionados por meio do drone RQ-900, que também é responsável por detectar posições inimigas.
Os helicópteros também simulam operações de busca e salvamento (CSAR). Como explica o comandante do BASM, coronel Luciano Antonio Marchiorato, os Black Hawks usam a tática NOE (Nap-Of-the-Earth) para alcançar objetivos tão simples. para mísseis.
“É um voo de altitude muito baixa, você está voando a 30, 50 pés do chão [entre nove e 15 metros]. É um voo muito atrativo e um desafio para a defesa aérea”, diz o oficial, que também já pilotou helicópteros. sua carreira na FAB.
Embora haja tropas no terreno, Bussmann ressalta que não há conquista de terras na EXCON Tínia. As missões estão localizadas no sul do estado, em um percurso de 200 quilômetros por 80 quilômetros entre Santana da Boa Vista, Caçapava do Sul e a fronteira com o Uruguai.
Os aviões operam em bandos, e a maior dificuldade está na comunicação e coordenação entre todos esses pacotes (compostos por vários aviões), voando ao mesmo tempo em uma zona de combate limitada, com caças inimigos e artilharia antiaérea. -Antena.
Realizado anualmente, não haverá arrecadação de recursos do Exército no Rio Grande do Sul em 2024, já que o exercício de Cruzeiro do Sul está programado no Rio Grande do Norte. Mais conhecida como CRUZEX, essa atividade é a maior de educação bélica coordenada em todo o Brasil e conta com a participação de forças aéreas de outros países. A última edição foi em 2018.
“Ano que vem não vai ter mais Tinia, vai ter treinamento muito mais rápido e só para esse fator de combate aéreo porque o CRUZEX vai cobrir tudo isso aqui”, diz o comandante da BASM. Para o coronel, Tinia é uma espécie de “mini CRUZEX”, mas com um pouco mais de liberdade já que, segundo ele, “dentro da CRUZEX as coisas estão um pouco mais conectadas”.
O Tínia é o último grande exercício realizado pela FAB neste ano e reúne, em um único evento, tudo o que o Exército implementou neste período. “Aqui temos todas as funções acumuladas. Os esquadrões realizaram fogo aéreo e terrestre, realizaram operações de resgate e o corpo de trabalhadores antiaéreos realizou seu treinamento remotamente. eles atendem todo mundo”, diz Marchiorato.
Ele ressalta ainda que o maior desafio é a comunicação entre todos os participantes. “A comunicação entre todos, inclusive Exército e Marinha, é o que faz a diferença para o sucesso do combate. »
Ao longo dos anos, a formação evoluiu, com cenários cada vez mais abrangentes e complexos. Mesmo que a defesa aérea seja uma prioridade, o conceito é ter mais meios para o conceito COMAO e tornar a guerra simulada ainda mais real.