O desmatamento desenfreado no Pantanal pode estar relacionado e ser uma das causas das ondas de calor que atingem Mato Grosso do Sul desde setembro deste ano. A retirada ilegal de plantas no bioma gerou, inclusive, um inquérito civil por meio do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).
De fato, o desmatamento pode levar às mudanças climáticas, levando ao aumento das ondas de calor e à redução das geadas no estado, segundo a bióloga e analista de conservação do WWF (World Wildlife Fund) no Brasil, Cynthia. Santos.
“O que nós temos é uma aceleração desse processo de aumento de temperatura. Se você desmata muito mais do que é permitido, o impacto vai ser sentido ou imediatamente ou daqui um tempo. Tudo isso combinado traz essa problemática de mudanças do clima, de aumento de temperatura; de chuva no lado e seca no outro, que antes não era percebido”, diz a especialista ao Jornal Midiamax.
Cyntia é uma das presentes no Encontro Estadual das Secretarias Municipais de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, que acontece no Auditório do Bioparque Pantanal, nesta quarta-feira (8).
Ele ressalta que o desmatamento não ocorre apenas em Mato Grosso do Sul, mas em qualquer lugar onde haja economia produtiva, como a agricultura e a pecuária. “Isso também é vital, mas o que sabemos é que está se intensificando nos últimos anos porque as intervenções locais estão contribuindo para essas mudanças”, diz Cyntia.
Desde setembro, Mato Grosso do Sul passou por diversas ondas de calor que fizeram com que as temperaturas ultrapassassem os 40°C. O calor em Porto Murtinho, por exemplo, permitiu que o município batesse seu próprio recorde de temperatura máxima registrada em Mato Grosso do Sul em 2023. , em meados de outubro. A última barra chegou a 42,8°C em 25 de setembro.
Entretanto, segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul), Porto Murtinho bateu 43,4°C no dia 17 de outubro. Essa é a maior temperatura já registrada no Estado desde 1º de janeiro de 2023.
Vale lembrar que um inquérito civil foi instaurado a partir da notícia de fato nº 01.2023.00005405-0, registrada pela 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá no final de junho para apurar o desmatamento desenfreado no Pantanal.
Na época, a promotoria anexou uma matéria do Jornal Midiamax nos autos. Publicada um dia antes do registro da notícia de fato, a reportagem retrata a supressão de vegetação em áreas de preservação ambiental.
Com a investigação, o MPMS alterou o objeto da notícia, que agora apura a “regularidade da implantação/prolongamento da estrada/rodovia MS-228, em processo de construção pela empresa ALS Logística e Transportes [CNPJ 05.370.728/0001-29], no Município de Corumbá”.
Além disso, a promotora Ana Raquel Nina solicitou anexar ao novo nº 01. 2023. 00007140-5 os documentos enviados por meio do governo estadual relacionados às obras na região do Pantanal. Entre elas, o trecho do tempo de paralisação das obras de pavimentação número um da Ponte Taquari sobre a MS-214, em Corumbá.
Assim como a suspensão de pintura da MS-228, a duração da MS-214 foi suspensa retroativamente. Publicado em 21 de junho no DOE (Diário Oficial do Estado), o documento assinado em 18 de maio de 2023.
O procedimento de autorização ambiental para as obras no Pantanal, solicitado por meio do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), iniciado por meio da Agesul (Agência Estadual de Gestão Empresarial de Mato Grosso do Sul), será concluído até o final do ano, após o quadro contábil descobrir que não há sequer licença ambiental para as obras da empreiteira.
A ECT-MS fixou o prazo de quatro meses em resolução assinada pelo presidente do Tribunal, Jerson Domingos. Na mesma publicação, a Justiça anulou as medidas cautelares que suspendiam a implantação do pavimento número um nas estradas do Pantanal. A ação do TCE-MS permite a manutenção emergencial das obras na região do Pantanal antes do início do período de cheia.
“Temos um compromisso inabalável com o desenvolvimento sustentável. É abrir o caminho social aliado ao respeito ao meio ambiente”, insistiu o presidente do TCE-MS.