Na última década, o Brasil experimentou um alívio significativo de 25,5% na taxa de mortalidade por AIDS, uma síndrome causada pela infecção pelo HIV quando não tratada. Apesar dessa melhora, uma média de 30 pessoas morreram por dia em decorrência da doença nos últimos anos. ano – 61,7% das mortes entre negros (47% entre pardos e 14,7% entre negros). Isso é destacado no novo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.
“É um fator histórico. A população negra é mais negligenciada e tem difícil acesso às formas de prevenção”, afirma o médico Rodrigo Molina, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Além disso, a população branca tem mais acesso à informação e escolaridade mais alta, condições fortemente ligadas à diminuição dos riscos ligados à doença”.
Mas não foi sempre assim. Na análise da variável raça/cor, observou-se que, até 2013, a cor de pele branca representava a maior parte dos casos de infecção pelo HIV. Nos anos subsequentes, houve um aumento de casos notificados entre pretos e, principalmente, em pardos, representando mais da metade das ocorrências desde 2015.
Em 2022, dos casos de HIV notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 29,9% correspondiam a brancos e 62,8% a negros (13% negros e 49,8% mestiços).
No mesmo ano, entre os homens, 30,4% dos casos notificados ocorreram em brancos e 62,4% em negros (12,8% em pretos e 49,6% em pardos); Entre: 28,7% dos casos são brancos e 64,1% são negros (13,8% são pretos e 50,3% são pardos). Dos 36. 753 episódios diagnosticados, 60,1% foram na população negra.
Esta grave verdade é apenas a superfície do problema, pois durante muitos anos o preenchimento do campo raça/cor da carteira nacional de aptidão permitia o registo “sem informação”, criando assim uma camada total de instâncias desconexas de raça. Porém, a partir de 2023, o Ministério da Saúde tornou obrigatório o seu preenchimento de cartazes de fitness e consultoria de políticas públicas de combate ao racismo.
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Estima-se que mais um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. Desse total, 650 mil são homens e 350 mil são mulheres.
Enquanto 92% dos homens estão diagnosticados, apenas 86% das mulheres possuem diagnóstico; 82% dos homens recebem tratamento antirretroviral, número que entre as mulheres cai para 79%. O levantamento mostra que 96% dos homens estão com a carga viral suprimida – quando o risco de transmitir o vírus é igual a zero –, mas o número fica em 94% entre as mulheres.
Para acabar com a AIDS como um problema de saúde pública, as Nações Unidas estabeleceram metas globais: que 95% das pessoas vivendo com HIV sejam diagnosticadas; ter 95% dessas outras pessoas em tratamento antirretroviral; E dos que estão em tratamento, 95% estão com a carga viral controlada.
Hoje, em números gerais, o Brasil atingiu 90%, 81% e 95% de suas metas, respectivamente. O Ministério da Saúde reafirma que tem os insumos necessários e já aumentou em 5% o total de pessoas em tratamento antirretroviral em relação a 2022, totalizando 770 mil cidadãos.
Para o infectologista Rodrigo Molina, a principal explicação para a diminuição de casos na população branca e o aumento da população negra é a implementação – e a falta de acesso – à profilaxia pré-exposição, mais conhecida pela sigla PrEP. Trata-se do uso de uma mistura de dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir emtricitabina), que têm composição semelhante aos usados para tratar o HIV e reduzem o risco de infecção de uma pessoa em mais de 90% quando exposta ao vírus.
Dados do painel da PrEP, disponíveis no site do governo, indicam que outras 118 mil pessoas começaram a tomar a PrEP em todo o Brasil desde 2018, quando a oferta começou. Somente nos 3 primeiros meses de 2023, foram 12. 343 novos usuários. Na mesma época do ano passado, foram 8. 393 em 2022.
Esses números consolidam o Brasil como líder nesse campo na América Latina e, segundo especialistas, ajudam nas sucessivas quedas de novos casos registrados de HIV: entre 2019 e 2021, o número de casos de infecção pelo HIV diminuiu 11% no Brasil, com o maior alívio percentual ocorrendo nas regiões Sul (15,4%) e Sudeste (15,3%).
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