O plano de enviar TVs 4K e videogames para presídios vem do Rio e foi suspenso

Uma ordem do governo do estado do Rio de Janeiro para aquisição de televisores 4K, videogames e óculos de realidade virtual para escolas públicas, além de presídios, tem sido utilizada em conteúdos de desinformação.

Como demonstram os comentários nessas publicações, os internautas percebem que os detentos teriam o direito de usar dispositivos eletrônicos em suas celas, o que é verdade.

Esse conteúdo também atribui erroneamente a iniciativa ao governo Lula (PT). A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) chegou a solicitar esse dispositivo para as 19 escolas do complexo penitenciário de Gericinó (antigo Bangu), o que não foi aceito. O projeto, batizado de “Cultura Maker”, foi suspenso em junho de 2023.

Conteúdo estudado: Uma postagem mostra uma captura de tela do portal de notícias G1 intitulada “Projeto do governo fornece TVs 4K, óculos de realidade virtual e computadores para detentos no Complexo do Bangu”. Logo abaixo está uma descrição: “Enquanto isso, 01/08 os presos estão morrendo na papuda”.

Onde publicou: X (antigo Twitter) e Telegram.

Em contexto: O governo do estado do Rio de Janeiro tem estudado o envio de diversos aparelhos, como televisores Wise com tecnologia 4K, óculos de verdade virtual, câmeras profissionais, computadores e videogames para escolas localizadas no complexo criminoso localizado em Gericinó (antigo Bangu), na zona oeste do Rio de Janeiro. Os dados foram publicados pelo G1 em 18 de maio de 2023.

Conteúdos desinformativos nas redes sociais usam essa informação para fazer um falso paralelo entre as supostas más condições do complexo da Papuda, no Distrito Federal, onde um dos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro morreu recentemente em uma das unidades, o Centro de Detenção Provisória II, e um suposto “tratamento VIP” que estaria sendo dado aos detentos do complexo de Bangu, que fica no Rio de Janeiro, com o acesso a bens tecnológicos.

Mas essa comparação não se sustenta. A comissão Cultura Maker nasceu da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Seduc-RJ).

Ele não tem qualquer relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou com o governo federal.

O Complexo Penitenciário da Papuda, citado nas peças de desinformação, tem quatro unidades administradas pelo governo do Distrito Federal e engloba ainda a penitenciária federal de Brasília, gerida pelo Departamento Penitenciário Nacional.

O objetivo da ação da Seduc no Rio de Janeiro foi substituir as antigas salas de informática das escolas por laboratórios modernizados, agregando salas que funcionam dentro do sistema penitenciário.

Segundo postagem nas redes sociais, a distribuição da pasta foi anunciada em outubro de 2021, antes mesmo da eleição de Lula como Presidente da República e dos atentados em Brasília em 8 de janeiro de 2023.

O programa proporcionou a alunos de escolas públicas cursos de robótica, design de jogos e novas tecnologias.

“Esse é um programa da Secretaria de Estado da Educação que será realizado em todas as escolas da rede. É um ambiente de aprendizagem que proporcionará aos alunos a oportunidade de criar, experimentar e compartilhar soluções. Não será necessário conhecimento prévio, o que oportuniza a construção e troca de histórias na busca pela resolução de desafios, sejam eles semelhantes ao contexto escolar ou vividos na rede onde estão inseridos”, explica a Seduc em sua conta no Facebook.

Como no Complexo de Bangu há 19 escolas para os detentos, a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro aderiu ao projeto e solicitou uma lista de eletrônicos, na qual estavam os seguintes equipamentos:

A reportagem do G1 relata que membros da Secretaria se espantaram com o pedido e diretores da Seap alertaram sobre o risco do envio dos equipamentos que possibilitavam fazer imagens e acessar a internet e, consequentemente, as redes sociais. Tais aparelhos poderiam prejudicar a segurança penitenciária.

A lista de pedido de equipamentos foi retificada, com a retirada de câmeras fotográficas, notebooks e videogames. No entanto, outros itens como smart TVs, computadores novos e óculos de realidade virtual continuaram na lista.

A reportagem do G1 no Rio de Janeiro informa ainda que, em 30 de agosto de 2022, a secretária de Estado de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca Nebel, pediu à equipe outro remédio para os detentos matriculados nas escolas penais.

O objetivo era garantir o cumprimento da carga horária definida pela lei 13.415/2017, que prevê a implantação do Novo Ensino Médio.

Em junho de 2023, a comissão foi discutida na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na Comissão de Educação. A Secretaria do Serviço Penitenciário foi procurada para prestar esclarecimentos, mas ainda não está presente.

Os deputados questionavam a Seduc e a Seap sobre a finalidade do envio dos equipamentos eletrônicos para os detentos.

O subsecretário de Educação, Windson Maciel, e o subsecretário do Serviço Penitenciário, Lúcio Flávio Alves, disseram na audiência da Comissão de Educação que toda a destinação foi suspensa.

No entanto, Maciel disse que a escola, acrescentando que as 19 que atuam nos presídios do Rio, já renderam R$ 26 mil para adaptações de salas.

Ao Comprova, a Comunicação da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que as 19 escolas que funcionam em unidades prisionais “seguem os projetos político-pedagógico da secretaria de educação, o que inclui a adesão a programas educacionais, como o Espaço Maker – salas voltadas para apoiar a criação de novos espaços de criatividade, cultura digital, prototipação e produção audiovisual, ligadas a práticas makers e uso de novas tecnologias”.

Sobre o envio dos itens de tecnologia que seriam destinados para estas escolas, a Seap esclarece que “não permitiu e nem vai permitir a entrada de videogames ou ferramentas similares, uma vez que o ingresso de equipamentos eletrônicos desse tipo nas unidades prisionais é terminantemente proibido”.

Como o conteúdo pode ser interpretado fora do contexto original: Quando apenas o título da matéria é divulgado, sem link para o conteúdo original e sem informações sobre a data da publicação, acaba levando a interpretações equivocadas.

Nos conteúdos analisados, ainda é acrescentada a frase “enquanto isso, presos do 08/01 morrem na papuda” dando a entender que o governo federal seria o responsável pelo projeto de envio dos equipamentos eletrônicos.

O que diz o responsável pela publicação: A reportagem entrou em contato com o perfil do post verificado por email e por mensagem direta no X, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Alcance da publicação: Até 30 de novembro, na rede social X (antigo Twitter), a publicação alcançou 14,8 mil visualizações, 224 repostagens e 992 curtidas. No Telegram, ele foi visto 12,7 mil vezes.

Como verificamos: Para a rota de verificação, foram feitas buscas no Google, no TikTok e também na rede social, “TV”, “Complexo do Bangu”, “presídio” e “Rio de Janeiro”, além das notícias publicadas no portal G1, e termos semelhantes a “governo federal”, “Papuda” e a iniciativa do Rio de Janeiro em janeiro. Além disso, a Seap consultou para verificar os dados sobre esse fato.

Por que estamos investigando: o Comprova monitora conteúdos suspeitos postados em redes sociais e aplicativos de mensagens relacionados a políticas públicas federais e eleições e abre investigações sobre as postagens que têm mais sucesso e engajamento. Você também pode recomendar consultas para WhatsApp 55 11 97045-4984.

Outros controles sobre o assunto: Outras equipes de verificação também investigaram o caso, como Estadão Verifica, AFP e UOL Confere. O Comprova também verificou outras acusações contra o governo Lula.

Já provou ser falso que o presidente tenha decretado o fim da propriedade privada, que ele não comprou novo avião presidencial de R$ 400 milhões, e já verificou um vídeo em que a voz do chefe do Executivo federal foi distorcida para alimentar uma teoria conspiratória.

“Acho importante a gente participar porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com o petróleo e fazer investimentos para que os continentes Africano e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde. Porque se não criar alternativa a gente não vai poder dizer que vai acabar com combustível fóssil”, explicou.

Criada em 1960, a OPEP conta atualmente com treze membros, além de Arábia Saudita, Venezuela, Iraque, Irã, Kuwait, Nigéria e Angola. A Opep reúne outros dez países aliados a membros permanentes, somando Rússia, México, Malásia e Sudão.

O presidente Lula disse que o Brasil não vai ter poder de decisão no famoso cartel do petróleo e que vai participar mais como um observador. “Muita gente ficou assustado com a ideia de que o Brasil vai participar da Opep.

O Brasil não vai participar da Opep, vai participar da Opep Plus, já que eu não estou no G7, é o G7 Plus. Eu presto atenção e só falo depois que eles tomaram a decisão, eu não apito nada. “, frisou. O G7 reúne as sete maiores economias do mundo e o Brasil participa como parceiro.

A fala aconteceu em encontro com a sociedade civil brasileira reunida em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em 2023.

O hidrogênio verde, discutido por Lula em seu discurso sobre a Opep, tem sido destacado por especialistas como uma possível alternativa aos combustíveis fósseis e o Brasil tem se apresentado como um possível grande produtor desse tipo de combustível.

No dia 29 de novembro, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o marco legal para a produção de hidrogênio verde. O projeto prevê a adoção de incentivos fiscais à produção, com a criação do regime especial de incentivo à produção de hidrogênio de baixo carbono. O projeto ainda precisa passar pelo Senado.

As emissões de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), são responsáveis ​​pelo aquecimento global e estão na origem da atual crise climática, caracterizada por eventos imoderados, como calor excessivo, secas prolongadas e chuvas muito intensas .

Esses gases do efeito estufa lançados na atmosfera vêm aumentando desde a Revolução Industrial (séculos 18 e 19), principalmente por meio da queima de combustíveis fósseis.  Esta é uma das principais preocupações de cientistas, sociedades e governos que vêm mobilizando os encontros sobre o clima desde a Eco de 1992, que ocorreu no Rio de Janeiro.

“É a primeira vez que as florestas vêm falar por si. É a primeira vez que nós estamos dizendo: não basta evitar desmatamento, é preciso cuidar da floresta, cuidar das pessoas que moram na floresta, e cuidar da biodiversidade da floresta. Isso custa muito dinheiro, e os países ricos têm que ajudar a pagar essa conta. É isso que nós queremos nesta COP”, afirmou.  

O presidente participou, juntamente com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do evento Protegendo a Natureza para o Clima, a Vida e os Meios de Subsistência, que reuniu especialistas, representantes dos povos da floresta e chefes de Estado de países florestais, como o presidente da França, Emannuel Macron, para a posse do território da Guiana Francesa, aqui na América do Sul.

Lula cedeu seu tempo de fala para a ministra Marina uma vez que ela cresceu nos seringais da floresta amazônica, no Acre. O presidente chorou ao lembrar a história de vida da ministra.  

“Eu não poderia utilizar a palavra sobre a floresta, se tenho no meu governo uma pessoa da floresta. A Marina nasceu na floresta, se alfabetizou aos 16 anos. Eu acho que é justo que, para falar da floresta, ao invés de falar o presidente, que é de um Estado que não é da floresta, a gente tem é que ouvir ela, que é a responsável pelo sucesso da política de preservação ambiental que nós estamos fazendo no Brasil”, destacou. 

Em seu primeiro dia, na quinta-feira (30), a COP28 aprovou um fundo climático para financiar perdas e danos de países vulneráveis. O objetivo do novo fundo é ajudar as nações pobres a lidar com desastres climáticos.

A ministra Marina Silva apresentou um breve relatório sobre as políticas de manutenção florestal do governo federal, destacando os movimentos de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia que, segundo Marina, reduziram a derrubada em 49,5%. os primeiros 10 meses de governo”. impedindo o lançamento de 250 milhões de toneladas de CO na atmosfera. Sem suas medidas, teríamos notado um aumento de 54% no desmatamento.

Marina também é pressionada para que políticas em favor de povos indígenas e quilombolas visem à preservação das florestas.

“Os povos indígenas são culpados por 80% das florestas do mundo, e os quilombolas agora também têm uma mulher, uma mulher negra, Anielle Franco, uma jovem que ajuda a proteger a floresta junto com os quilombolas”, disse.

Segundo o ministro do Ambiente, a política do Governo é setorial, mas considera todos os ministérios e citou, como exemplo desta abordagem sistémica, o Plano de Transformação Ecológica apresentado através do Ministério das Finanças.

Referindo-se ao presidente Lula, a ministra afirmou que “sua diretriz para proteger a floresta é mais do que comando e controle [fiscalização e repressão], é uma diretriz de desenvolvimento sustentável em suas quatro dimensões: na dimensão ambiental, na dimensão social, na dimensão econômica e na dimensão cultural.” 

Na COP, o Brasil apresentou uma proposta para que países com orçamento soberano invistam pelo menos US$ 250 bilhões em um fundo para as florestas tropicais do mundo.

 

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