PGR pede destituição do governador do Acre

Isso decorre da Operação Ptolomeu, deflagrada por meio da PF em 2019. A defesa de Gladson Cameli classificou a decisão como “arbitrária”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou por corrupção o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e pediu o afastamento imediato dele do cargo. O pedido deverá ser julgado pela ministra Nancy Andrighi, relatora do caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde governadores têm foro privilegiado.  

Além de Cameli, outras 12 pessoas foram indiciadas por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude em licitação. As penas podem chegar a até 40 anos.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), uma ação criminosa foi iniciada em 2019, com o desvio de pelo menos R$ 11,7 milhões dos cofres estaduais. A denúncia é da Operação Ptolomeu, realizada por meio da Polícia Federal (PF).

Segundo denúncia apresentada nesta terça-feira (28), Cameli participou do desvio de orçamento público de contrato governamental no valor de R$ 18 milhões para execução de obras rodoviárias e estruturais com a empresa Murano Construções Ltda, em Brasília.

Além do governador, também foram denunciados a esposa de Cameli, dois irmãos do chefe do Poder Executivo, funcionários, empresários e outros que teriam atuado como “criminosos” em conexão com o plano.

Ainda segundo a denúncia, Cameli teria recebido R$ 6,1 milhões em propina, por meio do pagamento de parcelas de um apartamento em área nobre de São Paulo e de um carro de luxo.  

Embora a denúncia seja semelhante a esse contrato, a PGR informou que foram identificados 8 contratos ilícitos, com prejuízos globais estimados aos cofres públicos de quase R$ 150 milhões.

Para o advogado Pedro Ivo Velloso, representante de Cameli, o pedido de demissão feito por meio da PGR “é arbitrário e absurdo”. O defensor dos direitos humanos acrescentou que “não há factos novos que justifiquem este pedido de despedimento. Decorre de outro recurso que já havia sido julgado improcedente pelo Superior Tribunal de Justiça. E, sobretudo, foi criado quando o cargo de procurador-geral da República ficou vago.

Em nota, a defesa acrescentou que “a investigação é absolutamente ilegal. Isso decorre de uma investigação da Polícia Federal de Cruzeiro do Sul, que não teve força para investigar o governador Gladson Cameli. Para se ter uma ideia, violaram a privacidade de um menino de sete anos, filho do governador.

O advogado acrescentou ainda que “não há nenhuma ilegalidade atribuível ao governador Gladson Cameli. As obras foram todas executadas e entregues ao povo do Acre, que reelegeu Gladson Cameli no primeiro turno. Esse pedido de afastamento é uma afronta ao mandato conferido pelo povo do Acre”.

O governador “confia no Judiciário, no Superior Tribunal de Justiça, ele vai se proteger e tem certeza que esse pedido acabará sendo rejeitado”, conclui o texto.

Na denúncia de 200 páginas, a RMP afirma que a cessão começou quando a Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano do Estado do Acre aderiu a uma lista de títulos de Murano, o que permitiu à empresa abrir mão de um procedimento licitatório para realizar uma série de auditorias.

No entanto, essas obras foram realizadas por meio de empresas subcontratadas, entre elas a Rio Negro Construções, cujo cônjuge é Gledson Cameli, irmão do governador.

Entre outras irregularidades, a denúncia reproduz análises técnicas, segundo as quais houve superfaturamento de R$ 8,8 milhões, além de superfaturamento de R$ 2,9 milhões no contrato contratado por meio do Acre à empresa.

“Os integrantes do grupo, além de estarem envolvidos, causaram danos significativos aos demais moradores do Acre, cujos equipamentos públicos deixaram de ser financiados pelos recursos desviados”, escreveu o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, que assinou a acusação. Da Agência Brasil

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