Mato Grosso do Sul assistiu em 2023 julgamento que entrou para a história como o maior da década

Quatro anos após o crime brutal que tirou a vida do estudante de direito Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, morto a tiros por engano em abril de 2019 no lugar do pai, Paulo Roberto Teixeira Xavier, o julgamento de 3 dos seis envolvidos no crime foi concluído. Em três dias de julho, Mato Grosso do Sul testemunhou o que é considerado o evento mais importante da década e até mesmo da história de Mato Grosso do Sul.

Jamil Name Filho, Marcelo Rios e Vladenilson Olmedo foram considerados culpados em um julgamento de três dias no Tribunal do Júri de Campo Grande. A audiência, que começou na segunda-feira (17) e terminou no final da noite de quarta-feira, condenou os réus, com sentença condenada. a 21 anos de prisão, Marcelo Ríos a 23 anos e Vladenilson a 21 anos.

Além da longa duração, a complexidade do caso e a influência dos réus, já que Nombre Filho vem de um círculo familiar clássico do estado, contribuem para o nome do maior júri da década. Mais de 15 mil páginas de julgamentos, mais de 10 testemunhas, sucessivos adiamentos, uma sessão plenária lotada e um forte aparato de segurança.

Quando comunicamos sobre a influência do acusado, estamos nos referindo ao empresário Jamil Name e seu filho, Jamil Name Filho (Jamilzinho). O patriarca também acusou o estudante de assassinato, mas ele morreu em 27 de junho de 2021, aos 82 anos, por complicações físicas. Fazendeiro ganhador de animais, empresário e ex-presidente da Ópera, Name também foi preso como integrante da Operação Omertà, acusado de comandar uma organização criminosa especializada em execuções, além da do estudante de Direito.

Pai e filho estiveram à frente da fórmula operacional do jogo ilegal, mais conhecido como “Jogo do Bicho” de Mato Grosso do Sul.

Um dos 4 promotores que participaram do julgamento, Douglas Oldegardo, falou ao Jornal Midiamax sobre a magnitude do processo. Ele, que está no palco há 26 anos e tem 993 sessões plenárias, destaca que o julgamento da Nombre e suas afiliadas teve grande impacto devido a vários fatores, incluindo a complexidade do caso, a influência dos acusados e um pedido de reação da empresa.

Oldegardo admite que não gosta de usar o maior termo da década ou da história, para não minimizar os outros processos, porque todos são importantes, independentemente de como o crime foi cometido ou mesmo dos próprios réus. Ele ainda falou sobre alguns que lembra de ter tido uma repercussão maravilhosa, como o caso Dudu, que, segundo ele, não é incomum para conseguir uma condenação por um assassinato sem corpo.

“Nesse caso, tivemos algo muito raro na história do júri brasileiro, que foi um homicídio sem corpo. Muita gente falou do caso do goleiro Bruno, mas também tivemos um júri sem corpo”, lembrou. Há ainda o caso de Mayana de Almeida Duarte, que é o primeiro julgamento da história brasileira em que ela é condenada por duplo homicídio, um acidente de trânsito fatal.

A repercussão do caso e o julgamento de Name o ajudaram a baixar esse título. O júri é resultado da Operação Omertà, que evoluiu como componente de um procedimento de investigação criminal instaurado em 2019 para apurar crimes relacionados a organizações criminosas e formação de milícias, extorsão, porte ilegal de armas, jogos de azar, entre outras atividades ilícitas. As pinturas resultaram em 19 ações criminosas, incluindo o assassinato do estudante de direito.

“O caso era muito complexo e tínhamos muitas provas. Levei uns cinco ou seis meses para examinar as provas e o andamento do julgamento, porque eu já conhecia o caso e acompanhava o inquérito policial”, lembra Oldegardo.

No total, foram 7 réus neste caso, mas Jamil Name morreu na ação penal por motivos de saúde. Zezinho foi morto em uma troca de tiros com a polícia e Juanil ainda é considerado foragido. Eurico foi absolvido das acusações por falta de provas. .

O júri foi presidido pelo ditador da 2ª Vara do Júri, Aluízio Pereira dos Santos. Quatro promotores estão envolvidos na acusação: Luciana do Amaral Rabelo, titular da Promotoria 21 de Campo Grande, o promotor Moisés Casarotto, promotor do MPMS desde 2013, Gerson Eduardo de Araújo, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Douglas Oldegardo, promotor do Júri, e a assistente, advogada Cristiane Almeida Coutinho, Mãe de Matheus.

“A repercussão social traz um fardo, um simbolismo. A partir do momento em que a sociedade como um todo toma conhecimento de um crime, toma partido por um crime e pelos resultados finais desse crime, a sociedade espera uma reação e esse crime acaba. ” tipo de caracterização”, disse o promotor.

Douglas também lembrou como começaram as investigações e a ligação entre crimes semelhantes aos da família Name, como os assassinatos de Matheus, Marcel Colombo e Ilson Figueiredo.

“Fazemos muitas investigações sobre facções criminosas aqui. Investigações entre facções mostram um ponto muito pior de violência contra a vítima. As vítimas são decapitadas, seus membros são cortados enquanto ainda estão vivos, são queimados vivos e eu nem falei em vilipendiar o cadáver e cortar a armação em pedaços. Então, o ponto de violência entre as facções é mais bárbaro, mesmo que o ponto de violência usado na morte do Matheus tenha sido bastante exagerado, mas não foi pela forma como ele morreu. “

O representante do Ministério Público reforça a singularidade do processo: “Foi a presença da pessoa que estava no banco dos réus, que aqui não é monopólio do júri, é monopólio dos movimentos da Operação Omertà, que “houve vários movimentos, em outras frentes, em outras questões. Houve, inclusive, várias etapas da operação e cada novo avanço deu origem a um novo registro de investigação, o que gerou uma denúncia, e houve vários processos judiciais contra essas pessoas”, disse.

Apesar da complexidade, o procurador não teve dúvidas sobre os honorários cobrados. “Havia uma expectativa do que essas outras pessoas envolvidas iriam dizer, de como o Judiciário responderia aos movimentos dessas outras pessoas. Eram outras pessoas conhecidas na sociedade. Não só foram 3 dias de julgamento, mas no próprio julgamento éramos 4 promotores e nos revezávamos. Todos estão procurando adaptar o controle total sobre o tempo. São muitas evidências, muitas delas”, disse.

A condenação dos réus veio como alívio para os pais da vítima. Cerca de quatro meses após o julgamento, a mãe de Matheus conversou com o Jornal Midiamax e afirmou que o assassinato do filho deixou feridas que não cicatrizam. “O amor incondicional nasce com a chegada de um filho. E só aumenta, independente da presença física dele”.

Cristiane usou palavras do poeta Fabricio Carpinejar para definir como tem se sentido. Em uma entrevista, Fabrício diz que ‘Perder um filho é uma desumanidade. Você não vai amar menos um dia sequer esse filho. O amor só aumenta, mesmo ele não estando presente’, disse.

Após a morte de Matheus, o plano criminoso foi revelado e levou a várias fases da Operação Omertà. O que ficou conhecido foi uma organização criminosa armada agindo no interesse dos governantes. Para isso, agentes da Segurança Pública de Mato Grosso do Sul foram cooptados para se cadastrar na entidade.

As investigações demonstraram que Jamil Name e Jamil Name Filho teriam ordenado a morte de Paulo Xavier, o PX. Ele já teria atuado com a família, na prestação de serviços enquanto também atuava como policial militar.

Na verdade, ele já havia dado segurança pessoal a Jamilzinho, quando teve uma discussão com Marcel Colombo, o “playboy da mansão”, em 2018. Marcel foi morto a tiros em uma cachaçaria da cidade, também de acordo com a investigação ordenada pela família Nom.

Foi nessa época que PX conheceu o advogado Antonio Augusto de Souza Coelho, com quem começou a ter uma relação estreita. Paulo Xavier também tinha vínculos com a Associação das Famílias pela Paz e Unificação Mundial.

Nesse período, Antonio foi contatado por meio do convênio para negociar disputas e negociar propriedades. Foi então que ele iniciou negociações com a família Name, que se viu com prejuízo financeiro.

Posteriormente, a PX teria começado a oferecer facilidades ao advogado e deixado de prestar serviços à família Name. Foi quando os líderes tomaram a decisão de matar o policial. Como parte da denúncia, é relatado que a organização criminosa foi fundada para aceitar como verdadeira e fidelizada, portanto, a saída da organização foi mal vista.

Após a ordem de execução de Paulo Xavier, homens de confiança do círculo de parentes de Name foram chamados para apresentar o plano de execução. São eles Marcelo Ríos, ex-guarda municipal de Campo Grande, e o policial aposentado Vladenilson Olmedo.

Marcelo Rios estaria prestes a decidir sobre os executores. Eles eram Juanil Miranda, hoje foragido, e José Moreira Freires, conhecido como Zezinho. Ele morreu em confronto com a polícia após a Operação Omertà e já foi condenado pela morte de policiais. líder Paulo Magalhães.

Além disso, a organização deve armar os atiradores. Vladenilson e Marcelo Rios, neste momento, são acusados de capturar Paulo Xavier, por meio de vigilância na casa do soldado.

Antes do crime, Eurico, um hacker, havia rastreado Paulo Xavier. No dia do crime, seguindo as ordens dos policiais, Juanil e Zezinho se armaram com um fuzil AK-47 e, em um Ônix, foram até a casa de PX.

Eles aguardavam a saída do policial na Rua Antônio Vendas, no Jardim Bela Vista, no dia 9 de abril de 2019. O que os pistoleiros não contavam é com o usuário que saía naquele momento na caminhonete S10 branca, filho de Paulo Xavier. Matheus Coutinho, estudante de direito de 20 anos.

Os pistoleiros se aproximaram e atiraram várias vezes contra o motorista da S10. Matheus ainda foi socorrido pelo pai, mas morreu a caminho do hospital. A perícia identificou que Matheus morreu com 7 tiros de fuzil.

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