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Um fim de semana que seria turístico na capital federal se transformou em um verdadeiro pesadelo para a cabeleireira Dirce Rogério, moradora de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, segundo a defesa catarinense. Dirce ficou presa por quase nove meses na Penitenciária Estadual Feminina do Distrito Federal, após as movimentações de 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes.
No dia 1º de setembro de 2023, Dirce foi libertada e voltou para Rio do Sul, cidade onde mora, em Santa Catarina. Acusada na Justiça Federal, Dirce é acusada de uma série de crimes, como a abolição violenta do Estado Democrático de Direito, a deterioração do patrimônio público e a associação criminosa.
Em entrevista ao ND Mais, o advogado de Brasília, Helmar de Souza Amancio, revelou os principais pontos da prisão de Dirce. Segundo a defesa, ela viajou para Brasília, para a catedral da cidade, com outras mulheres.
As informações sobre a participação da esposa de Santa Catarina nos eventos do dia 8 de janeiro constam na edição pública do processo no portal eletrônico do STF (Superior Tribunal Federal). No entanto, segundo a defesa do réu, o ônibus que a levou chegou à Esplanada no dia 8 de janeiro, por volta das 15h. e parou perto da Esplanada.
Ao desembarcar, ela e sua organização seguiram para a Catedral de Brasília, perto dos palácios do governo. No entanto, segundo a defesa, a organização conhecia a área e seguiu os manifestantes que seguiam em direção à Praça dos Três Poderes.
Neste momento, o advogado relata que o consumidor foi atacado com bombas sonoras e intimidado por meio do uso de helicópteros, sem ainda ter atingido prédios públicos.
Segundo Amancio, o grupo em que Dirce estava era composto por pessoas em sua maioria idosas. Testemunhas da defesa disseram no processo que o grupo religioso apenas carregava bíblias, rosários e bandeiras do Brasil, sem portar armas brancas ou barras de ferro.
Na tentativa de se proteger das bombas, soldados de infantaria do Exército teriam ordenado que eles entrassem no Palácio do Planalto e ficassem perto do estacionamento do palácio.
Segundo a defesa de Dirce, os soldados de infantaria também direcionaram essa organização para uma frente que dava para o terreno do prédio.
Ainda segundo o relato da defesa de Dirce, no mesmo momento, o batalhão de choque da Polícia Militar continha os manifestantes que estavam depredando o terceiro andar do palácio. Presos, eles foram levados ao segundo andar do prédio.
Posteriormente, policiais militares entraram em contato com a organização no primeiro andar, que, segundo Amancio, não participou dos eventos, mas se refugiou no local.
Ao ND Mais, Helmar Amancio afirma que Dirce foi induzida ao erro após todo o episódio. O processo contra ela está em fase final e a próxima etapa é justamente a sentença. O julgamento está pautado para o plenário virtual do Supremo Tribunal Federal e deve ocorrer até a metade de fevereiro.
Assim como boa parte dos réus e investigados pelo 8 de janeiro, a catarinense também conquistou a soltura mediante o uso de tornozeleira eletrônica, obrigação de apresentar-se no Fórum todas as segundas-feiras, ficar em casa à noite e nos fins de semana, não fazer viagens internacionais, não ter posse de arma ou participar de clubes de tiros, proibição do uso de redes sociais e não manter comunicação com os demais envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Segundo Helmar Amancio, Dirce cumpriu rigorosamente as exigências, com exceção da apresentação presencial no Fórum, devido à série de enchentes que o Rio do Sul sofreu entre outubro e novembro de 2023.
O fórum da cidade foi inundado, mas o STF concordou que, excepcionalmente, poderá fazer sua apresentação oficial por telefone ou pelo correio.
Às vésperas do julgamento, a defesa da moradora do Rio do Sul ainda não soube dizer se, se condenada, a pena poderá ser cumprida em Rio do Sul ou se Dirce terá que voltar para Colmeia, onde as mulheres estão presas. A penitenciária do Distrito Federal, onde ela ficou presa por quase nove meses, é conhecida.
Sobre o julgamento pendente de Dirce, Helmar Amâncio diz que concorre para que ela seja absolvida. No entanto, o defensor de direitos humanos critica as acusações que, segundo ele, são “genéricas”, opostas às de Dirce e muito às de outros réus em casos absolutamente diferentes.
Se condenado, ele acredita que a pena será a mesma dos demais santa-catarinenses condenados, que foram condenados a 17 anos de prisão e multa.
Por fim, assim como o advogado de Dirlei Paiz, pastor de Blumenau preso poucos meses depois do dia 8 de janeiro, o advogado de Dirce Rogério, que foi preso no dia e local dos fatos, também acredita em um “indulto judicial” de longo prazo. .