O risco de uma nova epidemia por dengue parece cada vez mais iminente em Mato Grosso do Sul. Na última terça-feira (5), o estado de São Paulo decretou emergência pela doença. Com isso, quatro dos cinco estados que fazem divisa com MS estão em situação de epidemia.
Com mais de 1,2 milhão de casos prováveis, a situação epidemiológica das arboviroses no Brasil é preocupante. Entre 1º de janeiro e 5 de março de 2024, o país registrou 9. 996 casos graves de dengue. Desses, 299 morreram e 765 seguem em investigação. destacado no boletim de arboviroses divulgado pelo Ministério da Saúde.
Neste ano, oito estados e o Distrito Federal estão vendo um aumento no número de casos prováveis de dengue. Cinco deles estão na fronteira do Ministério da Saúde: Minas Gerais (424. 179 casos), São Paulo (225 mil), Paraná (123. 288), Cidade do México (118. 895) e Goiás (72. 222). Em todas as regiões, a ocorrência de casos per capita permanece maior do que nos Estados Unidos.
A proximidade entre Mato Grosso do Sul e as regiões com alta incidência de dengue aumenta a pressão sobre as autoridades de saúde. Enquanto os estados vizinhos vivenciam uma situação crítica, MS segue em alerta amarelo, com 5.854 casos prováveis e 1.934 confirmações da doença.
Outro fato preocupante é o ressurgimento do sorotipo 3 da dengue. Inativo por mais de 15 anos, o retorno do vírus representa, hoje, a maior preocupação das autoridades em saúde pública de Mato Grosso do Sul. Em dezembro, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) emitiu um alerta devido à propagação do sorotipo.
A dengue possui quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). A infecção por um desses tipos gera imunidade contra o mesmo, mas é possível contrair o vírus novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
Veruska Lahdo, superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), lembra que o último surto primário ocorreu em um momento em que o sorotipo 3 da dengue circulava em Campo Grande.
“Desde o ano passado, circula no país a dengue 3, que circula em Campo Grande há 15 anos. Quando um vírus é reintroduzido após anos, a ameaça de um novo surto é alta. Mas, por enquanto, o cenário está tranquilo”, disse.
Estudo da Fiocruz indica que o retorno do sorotipo 3 aumenta o risco de uma epidemia, devido à baixa imunidade da população. Isso porque poucas pessoas tiveram exposição a ele desde as últimas epidemias ocorridas no início dos anos 2000.
Além disso, há o risco de surgir a versão mais grave da dengue, que é mais comum em outras pessoas que já tiveram dengue, mas têm uma nova infecção por outro sorotipo.
Outra coisa que chama a atenção são as mudanças trazidas pela instabilidade climática. Com temperaturas máximas e períodos chuvosos, o número de incubatórios deve aumentar. Até 2024, a OMS (Organização Mundial da Saúde) atribui a combinação de calor e chuvas intensas, por meio do El Niño.
Para além das divisas, outra questão que acende alerta é a situação epidemiológica na região de fronteira com o Paraguai. A proximidade geográfica e a movimentação constante de pessoas entre os dois países aumentam significativamente o risco de propagação do vírus.
O Paraguai tem uma das maiores taxas de infecção por arbovírus entre os países da América do Sul, com 1. 892 casos contra 100 mil pessoas diferentes, intensificando ainda mais o risco de um surto no estado.
Até a primeira semana epidemiológica de março, Ponta Porã, na região de fronteira com o Paraguai, havia registrado 296 casos prováveis da doença, colocando o município em um cenário de máxima incidência, com número de casos acima de trezentos compatíveis com cem mil. Habitantes.
Na cidade vizinha, Pedro Juan Caballero, a ocorrência de casos também é alta, com 399 casos registrados. Na macrorregião de Amambay, a notificação é de 652 casos.
De acordo com a Prefeitura de Ponta Porã, o controle do mosquito se tornou complicado devido às mudanças climáticas e ao aumento do número de pessoas viajando nacional e internacionalmente.
“Nossa estratégia será orientada pela colaboração intra e intersetorial, seguindo políticas e normativas vigentes e as estratégias recomendadas”, afirmou a Prefeitura em nota.
Vale lembrar que em 2023 o Paraguai enfrentou uma epidemia de chikungunya, também transmitida pelo Aedes aegypti. Segundo o Ministério da Saúde paraguaio, mais de 100 mil casos de chikungunya foram registrados no país. Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 1. 632 casos prováveis e 53 confirmações de chikungunya.
Neste ano, visando reduzir a proliferação do mosquito e prevenir um novo surto, o setor de vigilância em saúde, no lado brasileiro, intensificará as ações preventivas em toda a região de fronteira.
“Vamos mobilizar a população para dar sua contribuição eliminando caixas que podem acumular água parada em seus quintais e vamos ressaltar a importância de agentes de acolhimento para combater endemias em suas casas”, disse a Prefeitura.
Até a primeira semana de março, Mato Grosso do Sul havia registrado 1. 934 casos de dengue, um aumento de 332 casos em relação à semana passada. As informações são do Boletim Epidemiológico da Dengue, publicado nesta terça-feira (5).
Só neste ano já foram 3 mortes em decorrência da doença e outras 3 estão em investigação. A primeira morte, um bebê de um mês. A segunda morte, um homem de 81 anos, natural de Chapadão do Sul, no dia 7 de fevereiro.
A terceira falecida foi uma mulher de Coronel Sapucaia, de 73 anos, que sofria de hipertensão, diabetes e doença autoimune. Segundo o boletim médico, ele apresentou sintomas no dia 17 de fevereiro e faleceu 3 dias depois.
Além disso, o boletim contabiliza 5.854 casos prováveis de dengue em todo o Estado. Na última divulgação, feita no dia 27 de fevereiro, eram 4.667 casos prováveis e 1.602 confirmações.
Dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, 23 estão classificados com alta incidência da doença, com média acima de 300 casos por 100 mil habitantes. Entre essas cidades estão Amambai, Maracaju e Ponta Porã.
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