Hospitais Federais do Rio de Janeiro: poeira varrida para debaixo do tapete?

O que a grande mídia chamou de “crise sanitária” foi o foco da assembleia ministerial que o presidente Lula realizou em 18 de março de 2024. Entre vários ingredientes, seria composta a “crise” no poder sob o comando de Nísia. esta visão, devido a “falhas” em 3 frentes: (i) no campo da saúde indígena, em que Nísia seria culpada pelo “aumento da mortalidade” dos Yanomami, especialmente das crianças; (ii) na vigilância epidemiológica, em que houve “erros” na prevenção e prevenção da epidemia de dengue, que continua matando outras pessoas em vários estados; e (iii) no controle dos hospitais federais do Rio de Janeiro.

A ministra da Saúde defendeu sua atuação, seja na assembleia de ministros ou no dia seguinte, quando, junto com membros do primeiro escalão do Ministério da Saúde, atendeu à ligação ao palácio feita por meio do presidente da República. , argumentou que (a) mortes indígenas não foram notificadas nos últimos anos e que interpretar o conhecimento dos últimos meses requer cautela, sem aumentar o número de mortes atribuíveis a uma falha concebível da gestão federal; (b) no caso da epidemia de dengue, o Ministério da Saúde tomou as providências cabíveis como empresa federal e que, levando em conta as prioridades estabelecidas por meio do campo técnico, as vacinas a serem disponibilizadas destinavam-se à organização populacional para a qual foram indicadas; e (c) medidas administrativas estavam sendo implementadas para enfrentar as doenças crônicas que acometem os hospitais federais do Rio de Janeiro.

Todos esses são transtornos de aptidão física cuja relevância ninguém questiona. O controle da aptidão indígena, que é dever do governo federal, continua tão complexo e delicado sob Nísia quanto tem sido desde a Lei Federal nº. 9. 836, de 23 de setembro de 1999, estabeleceu a condição física indígena. Subsistema de Atenção à Ginástica, baseado nos Distritos Especiais de Aptidão Física.

O combate à dengue, que a mídia reduziu a uma “campanha de vacinação”, está longe de ser resolvido apenas com vacinas, sem levar em conta o complexo conjunto de questões envolvidas na epidemia existente e nas características endêmicas da dengue, no Brasil e em algumas dezenas de países das Américas. África, Europa Mediterrânea, Pacífico Ocidental e Sudeste Asiático. Culpar a ministra de Estado da Saúde, Nísia Trindade ou outros, pela perda de vacinas pela “perda do prazo de validade”, ou é desconhecimento delas. que criticam, porque não sabem que no SUS, no modelo de governança, não é dever do ministério administrar as unidades fundamentais de condicionamento físico, ou é simplesmente má-fé.

Também não ocuparei o tempo do leitor com mais considerações sobre a notável resistência de Nísia às pressões e pretensões do presidente da Câmara, Arthur Lira, no dia a dia desde o primeiro dia de Nísia Trindade à frente do Ministério da Saúde. sede de força e dinheiro. Para as insaciáveis emendas dos parlamentares, o leitor encontrará mais pontos principais em “Lira precisa governar a saúde?”. Nesse sentido, vale destacar a ordem dada a Nísia por meio de Lula para “melhorar as relações com o Congresso Nacional”, que a grande mídia comemorou, embora a própria mídia afirme estar “preocupada” com o cerco de Arthur Lira. Preocupado?

Enquanto a grande mídia faz declarações de “preocupação” com as ações de Arthur Lira, que violam a Constituição, desprezam os poderes tripartites da República e esquecem a lei que rege o SUS, a interferência de deputados e senadores continua, por meio das emendas dos parlamentares. , nas atividades do SUS. Ministério da Saúde, atrapalhando os planos de desenvolvimento do SUS e atrapalhando a governança do sistema, que vem se reconstruindo desde o início do ano passado.

Mas a “culpa” da “crise”, diz a oposição, é do ministro da Saúde, que “não fala grosseiramente, não tem flexibilidade e não faz política”. Caso contrário, o ministro seria acusado de ser “autoritário”. “, “amante dos holofotes” e “falando muito e correndo pouco”. No final das contas, o desafio raramente é muito o que ela faz ou deixa de fazer, o desafio, para esses críticos, é que ela tem direção, sabe o que está fazendo e sabe por que está fazendo, e isso não cai bem com aqueles que têm opiniões privadas ou privadas. Os interesses da organização se contradizem.

Dessa “crise sanitária”, o que permanece relevante, sob o governo de Nisia, são os hospitais federais no Rio de Janeiro e o que ela e sua equipe no Ministério da Saúde poderiam ter feito para “resolver os problemas”.

Problemas, na verdade, crônicos e cujas origens remontam aos antigos “hospitais do INAMPS” que, no processo de criação do Sistema Único de Saúde (SUS), viram suas administrações transferidas, no país, para os governos estaduais e municipais. . Mas eu tenho que me corrigir: “nacionalmente”, não.

Um dos muitos transtornos no procedimento de implementação do SUS envolve justamente o controle dos próprios hospitais públicos, herdados da “seguridade social” como o SUS foi estruturado.

De acordo com o artigo 198 da Constituição de 1988, que diz que “os movimentos e equipamentos de saúde pública fazem parte de uma rede regionalizada e hierarquizada”, cuja descentralização implica “uma direção única em cada esfera de governo”, os hospitais pertencentes ao INAMPS têm um componente integral do SUS. Suas gestões foram, portanto, atribuídas aos estados culpados de exercerem a “gestão exclusiva” do SUS dentro de seu perímetro.

Por isso, ultimamente não existem “hospitais federais” do SUS em estados e municípios. Não há hospitais federais no Paraná, Pernambuco, Acre, Paraíba, Amapá, Santa Catarina. . . Há hospitais nos Estados Unidos, ligados a universidades públicas. Eles são destinados ao SUS, mas não são hospitais estritamente SUS. As exceções mais conhecidas a essa diretriz geral são o Grupo Conceição Hospitalar, em Porto Alegre, e os seis “hospitais federais” do Rio de Janeiro (Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores do Estado). São exceções exóticas à regra geral, mas o cenário considera a história dessas instituições.

Uma das razões apontadas pelos proponentes do SUS para que o controle da fórmula (a “direção única”) seja dever de cada esfera de governo e não do governo da União, ou seja, do governo federal, é que as decisões de controle, além das decisões monetárias, seriam mais apropriadas se o governo local responsável por tomar essas decisões estivesse próximo da população e das unidades de ginástica.

É justamente a violação dessa Portaria do SUS, que aparece no inciso I do artigo 198, e que, entendendo a “descentralização” de sua gestão, instituiu o que se identifica como pacto federativo de adaptação, semelhante ao desafio que vem sendo destacado recentemente pelos hospitais federais do RJ. A estrutura do SUS na capital fluminense está inacabada desde 1988, há 35 anos. O desafio de completar a estrutura do SUS no Rio de Janeiro precisa ser enfrentado. Janeiro.

Essa orientação, que orientou a estruturação descentralizada do SUS e burocratizou as bases do Pacto Federal pela Saúde, buscou racionalizar a gestão pública nesse setor e foi implementada em todos os conjuntos de adaptação que o SUS teria. No entanto, para perceber as implicações e a gravidade da demora na estruturação do SUS no Rio de Janeiro, vale lembrar, no caso dos hospitais federais instalados na cidade, o que Carlos Gentile de Mello, atento analista das políticas de saúde nas décadas de 1970 e 1980, escreveu em artigo (“Caminhos Difíceis”). publicado na Folha de S. Paulo, 19/10/1981 (página 3).

Falando do Hospital de Bonsucesso, que na época era um dos hospitais do INAMPS no Rio de Janeiro, Gentile de Mello disse que “está gerando cada vez mais caro, com o objetivo de demonstrar que a corporação hospitalar pública é inviável”. Um plano perverso de quem não tem coragem de propor descaradamente a privatização da saúde. Então eles usam esses subterfúgios injustos para imobilizar serviços. ” Como se vê, nem precisou de “jornalismo investigativo” para saber mais sobre “corrupção, esquecimento e chá nos hospitais federais do Rio”.

Nesse ponto, o leitor terá que se perguntar por que essas unidades hospitalares, longe de serem de fácil gestão, continuam sendo administradas, mais de quatro décadas após o alerta de Gentile de Mello, diretamente por meio do Ministério da Saúde, cuja sede em Brasília fica a mais de mil quilômetros do Rio de Janeiro (e a mais de dois mil quilômetros de Porto Alegre).

Em dezembro do ano passado, ao final do primeiro ano do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ouvi de um frifiniano, médico e ex-secretário municipal de saúde de uma cidade do interior de São Paulo, que “estou satisfeito que o governo Lula tenha Nísia Trindade na saúde e à frente do SUS”.

Na semana passada, após a reunião ministerial de Março, voltámos a falar. Perguntei sobre o que considerava o abuso de Lula contra Nísia Trindade, desmontando um de seus movimentos que considerei muito oportuno e na direção certa. , chamar Helvécio Magalhães, especialista e experiente no tema central do Rio de Janeiro. imbróglio, para administrar a crise no Rio de Janeiro. “Lula atrapalhou o movimento certo que estava tomando”, argumentou, acrescentando que “tive que cortar a carne dele e não é necessário, além de prejudicar os movimentos que estavam em andamento”.

Meu interlocutor, experiente em conflitos políticos e questões de gestão pública, ouviu com paciência e disse: “Seu ponto de vista possivelmente está correto, sim, mas quem tiraria do pescoço do Lula essa faca que está na mão de Arthur Lira?

Nos dias que se seguiram, em conversas com outros amigos, em outros espaços, não consegui me comunicar sem falar em “faca de Arthur Lira no pescoço do Lula”.

Pior ainda, a faca metafórica ainda está lá, na mão de Arthur Lira. Quem puder tirar essa faca não só pode não fazê-lo, como precisará da cabeça de Nísia Trindade. Por enquanto. Quando puderem, também precisarão da cabeça de Lula.

Espero que possamos nos livrar dessas ameaças. A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, entre dezenas de entidades e movimentos sociais, se manifestaram a favor da ministra da Saúde e de seus movimentos na área da Saúde. e SUS. Muitos acreditam que Nísia Trindade sairá mais poderosa da “crise” fabricada pela oposição ao governo Lula, que a usa como bode expiatório.

Porém, enquanto Lula estiver no poder, seria sensato pular mais de quatro décadas e, levando em conta a liderança de Carlos Gentile de Mello e os preceitos da Constituição de 1988, que os hospitais federais do Rio de Janeiro permanecessem sob a tutela de “endereço único” do SUS no Rio de Janeiro. Tratá-los como se fossem treinadores hospitalares não seria apenas pouco educativo, seria como “varrer a poeira para debaixo do tapete”.

Não há dúvida de que, se o “ah, mas é muito complicado” prevalecer, daqui a um século, os “hospitais federais do Rio de Janeiro” continuarão ameaçando a estabilidade dos ministros da Saúde.

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