A transparência do contrato de pintura na BR-319 é baixa em todas as etapas

Foram analisados os 21 contratos vigentes até outubro do ano passado, dos quais 18 estão em vigor

Fonte: Divulgação/Foto: Michel Dantas – Publicado em 06 de abril de 2024 às 08:15

A avaliação dos contratos firmados para as obras da BR-319 indica baixo nível de transparência em quase todas as etapas do contrato. Foi identificada a falta de consultas gratuitas, prévias e informadas com a população afetada; fragilidade da funcionalidade do contrato; e a falta de licenciamento ambiental geral.

Essa vulnerabilidade se torna ainda mais preocupante no momento em que o Congresso Nacional discute a flexibilização das regras de autorização ambiental para obras na rodovia, construída na década de 1970 e que tem causado inúmeros casos de desmatamento e danos socioambientais até hoje.

Foram analisados os 21 contratos vigentes até outubro do ano passado, dos quais 18 ainda estão em vigor. Os efeitos constam da nota técnica “Transparência dos contratos existentes da BR-319”, elaborada por meio da Transparência Internacional – Brasil e do Observatório BR 319, apresentada nesta sexta-feira, 5 de abril, no site da observatoriobr319. org. br.

O estudo foi realizado com base na metodologia “Guia de Infraestrutura Aberta”, desenvolvida pela Transparência Internacional – Brasil. A ferramenta permite avaliar os graus de transparência em grandes projetos de infraestrutura, levando em consideração as demais etapas do ciclo de vida. das obras, agregando a avaliação dos formatos de dados, dos perigos socioambientais da infraestrutura e dos estilos de vida de oportunidades de participação social no processo de tomada de decisão.

Para a avaliação, diversos portais do governo federal foram consultados com dados sobre os contratos da BR-319, sendo o máximo utilizado para o diagnóstico contatos. gov. A nota técnica vai além da avaliação de contratos e busca outros mecanismos capazes de garantir maior transparência e governança das obras na BR-319.

Resultados da aplicação da Infra Aberta nos contratos da BR-319, através do módulo:

Diretrizes para a publicação de conhecimento e informação.

Riscos preliminares e socioambientais

Gratuito, pré e consultas.

Fase de Licitação Externa

Fase de Execução do Contrato

38,9

23. 3

46,4

5. 5

Classificação de transparência de acordo com o Guia de Infraestrutura Aberta

Transparência

Pontuação

Fraco

0-39

Média

40-69

Alto

70-100

A avaliação mostrou que a pior funcionalidade (que obteve nota 0, em uma escala de 0 a 100) em consultas livres, prévias e informadas às populações florestais e a todas as equipes e comunidades potencialmente afetadas pela estrutura da BR-319, especialmente aquelas que vivem em territórios de domínio de influência da rodovia. Embora tais consultas estejam previstas na Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, isso nunca foi cumprido no caso da BR. -319.

O segundo pior escore foi obtido pela fase de execução do contrato (escore 5,5, em uma escala de 0 a 100). A avaliação mostrou que há falta de transparência em termos de relatórios de auditoria sobre as inspeções realizadas, dados sobre programas de integridade existentes em empresas que venceram licitações e sobre sanções ou multas já aplicadas. Além disso, descobriu-se que é inimaginável, por meio da transparência ativa (ou seja, conhecimento e dados publicados proativamente por órgãos governamentais) ter conhecimento de dados mais explícitos sobre obras comissionadas, como fotos, locais e horários, ou das atas de reuniões com equipes e comunidades afetadas pelas obras após a fase de contrato. Era inimaginável identificar agências de investimento, ou se salvaguardas ambientais são impostas por meio de doadores.

A pontuação da fase inicial dos contratos e as ameaças socioambientais também foram consideradas baixas (escore 23,3). Nesse sentido, foram encontrados apenas os dados fundamentais mais procurados, como a avaliação das ameaças à contratação, a designação do local de cessão, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (EIMA) – que estão entre os instrumentos mais importantes para o procedimento de autorização ambiental prévia – e a convocação de audiências públicas sobre autorização ambiental prévia. No entanto, faltam estudos de pré-viabilidade e dados sobre os estudos realizados sobre o componente indígena ou quilombolas, os termos de referência para a contratação do IBD e do IMIN, e o relatório de atas e comentários da audiência pública de pré-aprovação.

Outra faceta que obteve baixo escore foram os padrões para publicação de conhecimento e dados (escore de 38,9). O portal analisado (contracts. gov) apenas cumpriu regras mais gerais sobre centralização e acessibilidade dos contratos e não conseguiu expandir o acesso aos dados. através da transparência passiva e permitindo que os cidadãos apresentem queixas ou sugestões aos tribunais.

O único detalhe que obteve nota “média” foi a transparência na fase externa da licitação. Tanto no portal do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) quanto no oncontracts. gov, foi possível identificar dados como aprovações de licitações. , atas de reuniões de licitação, licenças de instalação, propostas vencedoras e nomes dos contratantes. Por outro lado, dados como o parecer técnico dos órgãos envolvidos na autorização ambiental e o extrato do contrato não estão disponíveis.

Nenhum dos elementos avaliados obteve classificação máxima de transparência. ” A falta de transparência em obras de grande importância para o país, como a rodovia BR-319, evidencia as dificuldades dos órgãos de controle, da população em geral e da sociedade civil em trazer à tona essas obras e, ao mesmo tempo, é difícil para os órgãos governamentais organizarem e publicarem dados sobre todo o ciclo de vida de uma cessão dessa magnitude. Garantir a execução completa, transparente e sustentável das obras da rodovia “Há uma necessidade urgente de organizar e fornecer informações sobre decisões como as obras na BR-319, além de ampliar o debate e a consulta com as demais pessoas e comunidades afetadas pela rodovia”. diz ele. Amanda Faria Lima, Analista de Integridade e Governança Pública da Transparência Internacional – Brasil.

Esta é a primeira vez que uma organização da sociedade civil realiza uma pesquisa de transparência na BR-319. ” Essa nota técnica representa um marco vital para o Observatório da BR-319, pois a transparência contribui muito para o fortalecimento da governança no domínio de influência do Observatório da BR-319. Além disso, a publicação reafirma o que temos dito há anos: que a consulta livre, prévia e informada é para tomar decisões sobre o projeto”, afirma Fernanda Meirelles, Secretário Executivo do Observatório BR-319.

Sobre a BR-319

O Observatório BR-319 é uma rede criada em 2017 e formada por organizações da sociedade civil que atuam na área de influência da rodovia, que inclui treze municípios, 42 conjuntos conservacionistas e 69 terras indígenas entre os estados do Amazonas e Rondônia. respeitar os direitos legais dos povos da floresta e a conservação dos recursos fitoterápicos. A OBR-319 também visa promover o importante papel, a governança e a autonomia dos cidadãos. dos territórios locais, sendo uma rede empenhada em reforçar a sustentabilidade da região interflúvia Purús-Madeira.

Desde 2018, o Observatório BR-319 publicou 8 notas técnicas e 3 retrospectivas anuais sobre desmatamento e focos de calor no entorno da estrada. É fundamental destacar que essas produções são realizadas com base na experiência técnica de cada uma das organizações membros, a fim de contribuir para o fortalecimento do debate sobre problemas semelhantes aos da rodovia e dar uma contribuição aos órgãos de gestão pública, oferecendo-lhes os dados resultantes dos monitoramentos e estudos realizados por meio das organizações membros. proteger o bem-estar, o ser e o modo de vida dos povos indígenas, extrativistas e clássicos que habitam a região.

Sobre a Transparência Internacional – Brasil

A Transparência Internacional é um movimento global com o mesmo objetivo: construir um mundo em que o cotidiano de governos, empresas e cidadãos esteja livre de corrupção. Atuamos no Brasil e mobilizamos equipes locais para combater a corrupção, gerar conhecimento, conscientizar e interagir com corporações e governos para adotar as mais produtivas práticas globais de transparência e integridade, entre outras atividades. A presença global da TI nos permite defender projetos e leis anticorrupção e permitir que governos e empresas cumpram bem com eles. Nossas tintas de rede também são sinônimo de colaboração e inovação, dando-nos situações privilegiadas para expandir e testar novas soluções anticorrupção.

Foram analisados os 21 contratos vigentes até outubro do ano passado, dos quais 18 estão em vigor

Telefone: (69) 3227-2696 / 99962-3981

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