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“Vamos colocar ‘CURRENTÃO’ quando parar de chover. ” O risco de um madeireiro assustou a população às margens do Rio Madeira, que nas comunidades do município de Humaitá, no sul do Amazonas. É justamente aqui que começa o “novo arco do desmatamento” na Amazônia. Consolidado. A evolução do estoque e da madeira está levando à destruição da floresta – e rapidamente.
Historicamente, a Amazônia está longe das principais frentes de desmatamento da região, mas essa verdade vem mudando nos últimos cinco anos. A partir de 2023, o estado abrigará quatro dos dez municípios amazônicos com os maiores alertas de desmatamento, de acordo com dados de rastreamento por satélite do governo federal.
A promessa de “passar a correnteza” nas terras dos moradores é esperada quando a seca atingir a região, em meados de maio. Com esse método, uma corrente grossa é amarrada entre dois tratores que se movem pela floresta, derrubando temporariamente a frente. deles.
“O nosso castanheiro desapareceu. Em todos os lugares que andávamos, havia água e descobrimos animais em todos os lugares. Hoje, não encontramos caça para matar, para comer”, lamenta Valdino Mota, agricultor que mora na rede Santa Rita, também conhecida como Pirapitinga, às margens do rio Madeira, uma das cidades que enfrentam o avanço do desmatamento na região.
Longe de ser um evento isolado, o desmatamento no sul da Amazônia afeta uma centena de conjuntos conservacionistas e terras indígenas no domínio de influência da BR-319, rodovia que liga a capital amazonense, Manaus, a Porto Velho (RO). Somente em fevereiro deste ano, 700 hectares foram desmatados nos municípios próximos à estrada.
Inaugurada na década de 1970, a rodovia nunca foi totalmente concluída, mas ainda provoca profundas adequações na região. A promessa de pavimentação, por exemplo, já provocou uma explosão de ramais ilegais: em cinco anos, mais de 1. 500 quilômetros de estradas vicinais foram abertos, quase o dobro da duração total da rodovia federal.
“A BR-319 é vetor de desmatamento e especulação fundiária. Os editais [de pavimentação] geram essa especulação, então há uma corrida para ocupar domínios, já que essas terras estão mais desmatadas”, alerta Fernanda Meirelles, secretária-executiva do Observatório BR-319, rede de organizações da sociedade civil que atuam no domínio de influência da rodovia.
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Uma dessas agências está localizada no distrito de Realidade, próximo a Humaitá. A abertura da “Linha 17” começou em 2016 e já se estende por quarenta e cinco quilômetros até comunidades às margens do Rio Madeira, como Santa Rita.
A filial visitou dois assentamentos ao longo do caminho: o Projeto Colônia Agroextrativista Botos (EAP) e o Projeto Realidade de Desenvolvimento Sustentável (SDP). O círculo de parentes de Valdino é uma das mais de 400 pessoas que possuem terras nos assentamentos e vivem delas. ele.
Castanheiros foram queimados, espaços de colheita de açaí foram destruídos e pastagens substituíram florestas. Em apenas dois anos, entre 2021 e 2022, foram desmatados 5,5 mil hectares ao longo da “Linha 17”, um domínio de cinco quilômetros que circunda o esporão.
“A soja está chegando, os animais de fazenda estão chegando. Dizem que o progresso está chegando, mas que tipo de progresso é esse?É violento e muito rápido. Na verdade, muitos cidadãos já estão passando fome”, disse a irmã Ivonete Paes, da Missionária Ribeirinha. Area, uma organização que atende 65 comunidades da região.
Às margens do córrego Pirapitinga, na malha Santa Rita, há enormes castanheiros, cacau, pêssego, seringueiras e açaí. Muitas delas foram plantadas através do pai de Valdino, que se orgulha de dizer que “cresceu no extrativismo”. “Na época da colheita”, lembra o agricultor, “eu não conseguia nem trazer [a produção]”.
Há décadas, na região, a população às margens dos rios evolui para o plantio e manejo de produtos agrícolas e extrativistas, como castanha-do-pará e açaí.
Mas o avanço do desmatamento coloca em risco essa diversidade. A seca e os incêndios reduziram o número de peixes no rio e assustaram os animais longe da floresta, segundo depoimentos desses clássicos. Se antes não era raro “carregar” 40 latas de açaí consistentes com consão consistente, hoje “quando alguém tem sorte, só ‘leva’ 10 latas”.
“Quando essas frentes [de desmatamento] chegam, elas primeiro destroem a biodiversidade e, com ela, o modo de vida das pessoas”, alerta Dioneia Ferreira, coordenadora da Rede Transdisciplinar da Amazônia (Reta) e pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade na Amazônia.
Sem caça ou peixe, a alimentação dos cidadãos locais mudou. Não é incomum encontrar carne enlatada e outros produtos processados nas mesas das famílias. “Há comunidades que lutam para suprir suas necessidades de proteína em uma refeição porque o domínio total é devastado”, disse Ferreira.
Esse procedimento configura uma “grave violação de direitos humanos”, segundo Camilla Holanda, do Ministério Público do Trabalho de Rondônia. Para o procurador, o desmatamento e a pecuária “se abrem como um trator que passa por cima dos estilos de vida das populações clássicas”.
“Estão plantando capim, e o que vamos comer? Ninguém come a terra. Temos que plantar no chão para comer”, disse Marilena Pantoja, agricultora cuja fazenda faz fronteira com uma área de pastagem.
A expansão do desmatamento não ocorre de forma pacífica. Foram relatadas intimidações e violência, incluindo “tiros de advertência” disparados contra o muro de um terreno ribeirinho, perto de terras vendidas como pastagens.
As comunidades não têm acesso às áreas de colheita de castanha e açaí, que eram de uso comum até serem vendidas para outras pessoas fora do assentamento. “Eles colocaram placas proibindo a entrada deles e estão colocando outras pessoas no meio da mata, escondidas, para que ninguém entre. Se você passar por lá, é perigoso não voltar”, disse um agricultor, sob condição de anonimato.
A violência no campo disparou no último ano, com mais de dois mil conflitos registrados no relatório “Conflitos no Campo 2023”, divulgado na semana passada por meio da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Na chamada região “Amacro”, que inclui os estados do Amazonas, Acre e Rondônia, outras oito pessoas morreram. Esse número se manteve forte ao longo de 2022, em contraste com a queda de casos no Brasil, que caiu para 34%.
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O Amazonas passou de uma média de 25 conflitos entre 2010 e 2016 para 75,6 entre 2017 e 2023, um aumento de 200%. A maioria dos casos, segundo a organização, ocorreu nas regiões sul e central do Amazonas, em “expansão agroindustrial”. zonas. “
“Eles vendem [lotes] e aos poucos cometem suicídio. Há muitas outras pessoas que estão enterradas, apenas pedaços ao longo das ruas secundárias. Há muitas outras pessoas nas aldeias, nos povoados, com as peças ao ar livre e “Há muita coisa no país. Hoje o cara está vivo, está morto, por quê? Por causa do terreno”, disse outro interlocutor que também pediu para não ser identificado.
Diante da pressão da perda de terras e sem opção de correr, alguns munícipes já estão correndo para espaços transparentes para abrir pastagens. Esse trabalho é realizado basicamente por meio de outras pessoas de fora das comunidades – de Humaitá ou mesmo de outros estados como Amazonas e Mato Grosso.
Mas isso está mudando. A Repórter Brasil conversou com outras duas pessoas que trabalhavam na extração de madeira da floresta e elas denunciaram situações precárias de moradia, alimentação e proteção no projeto.
Pedro* levantava-se todos os dias por volta das 6h para ir ao controle florestal e só retornava ao acampamento às 17h30. Para beber, o jovem armazenava água de um córrego que “não estava tão sujo” em uma garrafa PET. Sua dieta consistia em farinha, mortadela e carne seca, que ele mesmo preparava quando voltava do trabalho.
Trabalhar para derrubar uma floresta é perigoso. Relatos de golpes de facão e árvores caindo sobre funcionários foram ouvidos por meio de jornalistas: “O perigo de morrer é grande”, disse Pedro. Esse cenário é agravado pela falta de acesso a qualquer tratamento físico: “Deus me livre que haja uma reviravolta do destino onde estávamos. . . Carregando um usuário que não consegue andar, acho que ele não vai viver”, diz o jovem.
Ainda assim, o único equipamento de proteção de Pedro era uma “bota que ele havia tirado de casa”. João*, outro dos funcionários ouvidos pela reportagem, também não obteve apoio. “Eu só me vesti com uma roupa, mangas compridas, calças compridas e botas”, disse ele.
“Há outras pessoas que tiveram acidentes graves. Às vezes batem nele [com um facão], mordem-no com uma cobra. Tudo acontece porque o cara anda pela mata brava”, disse João.
Outras vezes, João e Pedro passavam semanas em um acampamento de lona. A disposição precária dificultava o descanso à noite. “Quando chovia, ninguém dormia, tínhamos que esperar passar. Quando chovia com vento, a lona se movia devagar e chovia tudo”, lembra João.
Nos últimos 20 anos, 477 pessoas em condições análogas à escravidão foram resgatadas na Amazônia, a maioria por meio da criação de animais de criação ou desmatamento. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego, sistematizados por meio da Repórter Brasil e da Comissão Pastoral da Terra.
“A região de Amacro [Amazonas, Acre e Rondônia] tem muitas serrarias, mas não há discussão sobre o aspecto social, nem sobre a implementação de políticas públicas para trabalho forçado e acidentes comerciais”, lamenta a advogada Camilla Holanda, também advogada. Coordenador Regional da Coordenação Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Os casos de trabalho forçado na Amazônia representam pouco mais de 1,3% do total no Brasil. Esse número, longe de parecer uma situação inteligente no estado, esconde baixos níveis de fiscalização, segundo a Holanda. “Garantir que o Estado brasileiro tenha esses espaços implica estruturar os mecanismos de fiscalização da região”, disse o procurador.
Longe dos olhos dos fiscais, o desmatamento avança nas comunidades ribeirinhas do rio Madeira. Sem florestas, sem campos, sem açaí ou castanheiros, as comunidades são o futuro.
“Se precisarmos sobreviver, teremos que trabalhar para eles, cuidando da fazenda”, diz Pedro. O ribeirinho cuja área foi crivada de balas é mais categórico: “Se não fizermos o suficiente com eles [os invasores], vai acabar, o tempo da escravidão vai voltar”.
*Nomes fictícios das identidades dos trabalhadores.
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