O Brasil tem enfrentado diferenças climáticas entre os estados, com alguns mais frios e outros mais quentes, chuvosos e secos, mas neste ano as situações e diferenças são extremas, com um estado em calamidade devido às chuvas, enquanto outros, somando Mato Grosso do Sul. , lidando com uma onda de calor e tempo seco.
O Rio Grande do Sul vive um dos maiores desastres climáticos de sua história. Em dez dias, o estado registrou três meses de chuvas, totalizando 420 mm entre os dias 24 de abril e 4 de maio.
As fortes chuvas causaram dezenas de mortes, deixaram milhares de desabrigados e vilarejos submersos.
Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu e renovou alertas para ondas de calor e baixa umidade relativa do ar e os estados registraram calor recorde, além da não previsão de chuvas no futuro.
Em entrevista à TV Brasil, o meteorologista e coordenador-geral de operações e modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, explica que o fenômeno é resultado de vários fatores.
Segundo ele, a onda de calor na região central do Brasil com tensão atmosférica máxima provoca a formação de ar seco e quente, o que acaba bloqueando a passagem de frentes frias para o norte do país.
“Essas frentes sem sangue vêm da Argentina, chegam temporariamente na região sul e não conseguem avançar. Temos uma sucessão de frentes [sem sangue] que têm mesas amarradas e suportam a chuva por vários dias”, explicou Array.
Ou seja, o bloqueio atmosférico que também atua em Mato Grosso do Sul como uma espécie de “cúpula” burocrática sobre o centro do país, impedindo o acesso de frentes sem sangue e, consequentemente, a formação de nuvens de chuva. Como dissemos, a deformação superior também favorece a formação de ar seco e quente, fazendo com que o calor excessivo seja registrado.
Ao mesmo tempo, as nuvens não conseguem se mover e se concentram na região sul do país, causando uma espécie de “prisão” de chuvas nos estados do Sul, onde, segundo o Climampo, frentes sem sangue e outros sistemas meteorológicos são amplificados. , o que levará à intensificação das chuvas na região.
Esse fenômeno, chamado de sistema de bloqueio, ocorre no Oceano Pacífico e influencia o Brasil. Nesse sistema, a atmosfera fica estagnada e persiste por dias.
Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), disse ao GHZ gaúcho que a frente sem sangue avançou em direção ao oceano e forneceu um canal de umidade sobre o estado, o que também contribuiu para as chuvas.
Segundo ele, em geral, um canal de umidade não persiste por muito tempo, porque uma frente sem sangue chega e leva esse canal para estados de alguma outra região. É comum que a chuva atravesse o Rio Grande do Sul e não permaneça na mesma posição por vários dias seguidos.
“Mas temos um bloqueio atmosférico, através da massa de ar quente do restante do Brasil”, explica o meteorologista, mencionando ainda que o bloqueio acaba causando calor nos demais estados e provocando chuvas torrenciais no Sul.
O Climatempo alerta que os fenômenos são para esta época do ano, quando o calor às vezes é menos intenso devido à menor radiação solar e aos dias mais curtos. “No entanto, a onda de calor traz temperaturas típicas do verão para o outono brasileiro, desafiando as mesmas velhas expectativas climatológicas para o mês de maio”, observa a instituição.
O meteorologista do Cemaden ressalta que as chuvas são reflexo do El Niño, que está em fase final.
Com a paciência da fórmula anticiclônica por vários dias nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, espera-se que situações excessivas persistam em outras regiões, e no Sul o procedimento de absorção de chuvas também seja impactado, o que prolongará o relevo devido ao terreno. . embebido.
“Toda a água que já caiu no estado vai ser evacuada, o que vai levar vários dias para voltar ao normal”, explicou.
“Esses volumes são inéditos, mas a extensão espacial das chuvas pode ser inédita”, acrescentou.
Na manhã desta quarta-feira, o Lago Guaíba havia caído 20 centímetros desde a noite de terça-feira e atingido 5,08 metros de altura nas primeiras horas da manhã. Apesar da redução, o ponto de água permanece 3 metros acima do ponto de inundação.
No sábado, o lago chegou a 5,30 metros, segundo dados da CEIC (Coordenadoria de Serviços Integrados).
No Instagram, o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, alertou nesta quarta-feira para as fortes chuvas na região. “Isso dificulta o escoamento da água”, disse. Nas próximas horas haverá chuvas muito fortes que vão aumentar com a mudança”. ao vento”.
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta de chuva nesta terça-feira (7) nesta quarta-feira no Rio Grande do Sul, que inclui a capital Porto Alegre.
Bombeiros de Mato Grosso do Sul atuam contra dois incêndios florestais ativos no estado. Um deles ocupa áreas do Pantanal, próximo à divisa com Mato Grosso, enquanto o outro se estende até o município de Naviraí, no sul do estado. estado.
Ao mesmo tempo, uma equipe de bombeiros de MS participa de uma ação cujas características da época contrastam com as do estado: no Rio Grande do Sul, onde os grupos que foram ao local já resgataram um grande número de vítimas da enchente.
A região do Pantanal, especificamente próxima ao Rio São Lourenço, está sob vigilância humana e por satélite desde abril do ano passado, quando as chamas começaram a aparecer no Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense, no estado vizinho.
No entanto, desde (7), as atenções estão voltadas para o aspecto do bioma Mato Grosso do Sul, devido às condições climáticas desfavoráveis, aliadas a temperaturas acima da média, baixa umidade relativa do ar e ventos rápidos, que favorecem a propagação do fogo. As equipes estão utilizando motobombas para combater as chamas na área atingida pelo fogo, que segue sob vigilância constante.
Em Corumbá, os bombeiros do Exército contam com dois bombeiros para supervisionar os incêndios controlados na base da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), no domínio conhecido como Passo do Lontra, no Pantanal da Nhecolândia.
Enquanto isso, em Naviraí, a equipe de solo monitora e combate os focos nas proximidades dos assentamentos e da BR-487. Nas cidades de Costa Rica e Porto Murtinho, reúne famílias rurais para orientar sobre medidas preventivas e destacar a importância da cooperação entre as comunidades rurais. proprietários de terras e poder público no combate aos incêndios florestais.
O cenário climático no estado, com chuvas abaixo da média desde o final de 2023 e condições de seca, está intensificando a frequência de incêndios florestais. Para atuar preventivamente e reduzir a quantidade de biomassa que pode ser usada como combustível para um incêndio, foram tomadas caixas de queima controlada. realizada no mês passado no Parque Nacional Várzeas do Rio Ivinhema.
No entanto, no final de abril, após um incêndio gigante na BR-487, os bombeiros começaram a combater as chamas na região. Nesta segunda-feira (29), o Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul derramou mais de 34,1 mil litros de água com a aeronave Air Tractor.
Os incêndios já afetaram cerca de trezentos hectares da região, que estão sendo monitorados e também na sala de comando de incidentes da Diretoria de Proteção Ambiental, em Campo Grande.
Desde o início dos preparativos para a temporada de incêndios florestais deste ano, em 2 de abril, foram realizadas 470 movimentações, incluindo a formação de brigadas, resgate de animais, atividades educativas em escolas, criação de aceiros, manutenção de estradas e pontes, visitas e vistorias técnicas. em fazendas e comunidades locais.
No mesmo período, foram realizadas sete queimadas controladas e dois combates diretos, além de outros movimentos obrigatórios de apoio e checagem de equipamentos, carros e pessoal, com mais de 10. 200 quilômetros percorridos em movimentos preventivos e de orientação superior a 1 milha. crianças e adolescentes.
Atualmente, 37 bombeiros do Exército atuam exclusivamente em operações de incêndio florestal no estado.
Enquanto isso, na região metropolitana de Porto Alegre, nove bombeiros de Mato Grosso do Sul estão ajudando no resgate de vítimas das enchentes. Desde domingo, mais de 900 pessoas foram resgatadas.
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