EUA: Republicanos e democratas discordam sobre “censura” no Brasil

Uma delegação de parlamentares bolsonaristas brasileiros participou de uma audiência no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, na terça-feira, para discutir o que descrevem como “ataques à liberdade de expressão no Brasil”. Entre os integrantes estavam os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Bia Kicis (PL-DF) e Filipe Barros (PL-PR).

A reunião, organizada por meio de um dos subcomitês do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, segue o relatório divulgado em abril pela ala republicana do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA. O documento reúne uma série de decisões sigilosas por meio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com o objetivo de excluir ou adiar perfis no X (antigo Twitter). Com 540 páginas, a publicação provocou manifestações combinadas de deputados que chamaram Moraes de “ditador”, em referência à investigação ordenada pelo ministro de oposição a Elon Musk, dono da Array. A consulta também ocorre um dia depois de a Câmara dos Representantes dos EUA enviar à Organização dos Estados Americanos (OEA) um pedido de dados sobre processos judiciais sobre “censura”, “violação da liberdade de expressão” e “abuso”. de autoridade” no Brasil (veja no final da matéria).

A audiência desta terça-feira, a sétima, foi presidida pelo deputado republicano Chris Smith, presidente do comitê e um dos membros mais antigos do Congresso dos EUA: ele está em seu 21º mandato pelo estado de Nova Jersey. Smith é um dos principais porta-vozes do bolsonarismo dentro da direita americana. Em março, ele já havia tentado realizar uma audiência sobre o mesmo tema – a “restrição” da liberdade de expressão no Brasil – desta vez perante a Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos, mas a assembleia foi adiada após a intervenção de um congressista democrata. Na ocasião, Smith concedeu entrevista coletiva com parlamentares brasileiros, incluindo Eduardo Bolsonaro, para denunciar a medida.

Confira alguns depoimentos:

https://x. com/BolsonaroSP/status/1787873293283823906

https://x. com/filipebarrost/status/1787850603642695789

O deputado Chris Smith abriu a audiência dizendo que, desde o final de 2022, os brasileiros estão sujeitos a “graves violações de direitos humanos cometidas por meio do governo brasileiro em grande escala”.

“Estas violações são acompanhadas por abuso político dos procedimentos legais para perseguir a oposição política, incluindo a detenção de figuras da oposição por acusações espúrias, violações da liberdade de expressão e dos meios de comunicação social, assédio a jornalistas, silenciamento dos meios de comunicação da oposição, proibição de alguns outros de acederem às redes sociais. legislação de censura velada que visa combater a desinformação e as violações do Estado de Direito”, disse.

O parlamentar disse ainda que as supostas violações foram cometidas com o auxílio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que funciona como um “Ministério da Verdade” — uma alusão à distopia de George Orwell em 1984 — em uma suposta tentativa de combater a desinformação. “A repressão está sendo feita em grande parte por meio de um homem, o ministro Alexandre de Moraes”, disse Smith.

O CEO da Rumble, Chris Pavlovski, disse que os direitos básicos de liberdade de expressão estão “em risco” e que a plataforma ganhou pedidos do governo brasileiro para remover perfis que violam as regras da plataforma. Rumble deixou o Brasil em dezembro do ano passado, após desentendimentos com a Justiça brasileira.

“Durante anos, observamos plataformas de shadowban criarem conceitos dos quais discordam, em uma supressão de revisão sofisticada que é a norma. Hoje, a censura que estamos presenciando é muito mais perversa”, disse. disse ele. ” Os governos estão pedindo descaradamente às plataformas que censurem e removam conteúdos que não lhes são favoráveis (. . . ). O Rumble tem diretrizes de conteúdo. Ganhamos pedidos do governo brasileiro para bloquear alguns criadores de nossa plataforma e, novamente, o conteúdo “não violou nossos termos e condições, mas era uma opinião impopular no Brasil na época”, disse ele.

Apesar da ofensiva republicana, parlamentares democratas que também fazem parte do comitê que organizou a audiência se manifestaram contra o objetivo da reunião, que chamaram de forma de “minar a democracia brasileira”. “As reuniões bilaterais entre os Estados Unidos e o Brasil, sobre os espaços de cooperação em matéria laboral e climática, a cobertura da Amazônia, a luta contra a fome e a progressão do crescimento econômico sustentável, estabilidade, segurança e paz em todo o hemisfério”, disse o democrata. Representante Susan Wild.

“Em vez de fortalecer nossas relações, um público como esse só prejudica essa relação. O Brasil é uma democracia colorida, forte, com uma sociedade civil forte e uma mídia forte. E uma fórmula eleitoral considerada uma das mais seguras e rápidas do mundo. “”, disse, ressaltando que os debates sobre questões constitucionais e legais merecem ser por meio de outros brasileiros e seus representantes eleitos, bem como por meio do Judiciário. “O Congresso dos EUA não está em posição para isso”, disse.

Na segunda-feira, a Câmara dos Deputados dos EUA enviou um pedido de dados à Organização dos Estados Americanos (OEA) relacionados à “censura”, “violação da liberdade de expressão” e “abuso de autoridade” no Brasil. O documento é assinado pelo deputado federal republicano Chris Smith e motivado pelas decisões de Alexandre de Moraes que determinou o bloqueio e a suspensão dos perfis nas redes sociais mantidos pelos acusados de participação nos eventos de 8 de janeiro de 2023, na sede do partido. Três poderes, em Brasília.

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