A região metropolitana do Rio de Janeiro atingiu a marca de 10 mil pessoas mortas por movimentos e/ou ataques policiais em apenas oito anos. Ao todo, 4. 342 pessoas morreram e 5. 658 ficaram feridas, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. A média é de 25 pessoas baleadas por semana, de 5 de julho de 2016, quando o instituto começou a mapear o domínio metropolitano, até 18 de janeiro de 2024. Movimentos policiais e hostilidades constantes são responsáveis por 59% dos baleados. na região metropolitana do Rio, o que equivale a 17. 024 pessoas a mais baleadas.
Para acompanhar esse estudo, o Instituto Fogo Cruzado apresentou o www. dezmil. com. br site, com conhecimento dos 10 mil pacientes mapeados nesse período. No dia 30 de março de 2017, quando estava na Escola Municipal Daniel Piza, na Avenida Professora Sá Lessa, Costa Barros, zona norte do Rio, ela participava de uma aula de educação física quando foi baleada durante um tiroteio durante uma ação policial perto de sua escola.
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O sargento da Polícia Militar Alexandre Moreira de Araújo, de 44 anos, morto a tiros na Favela do Rola, em Santa Cruz, em 5 de julho de 2016, foi a primeira vítima de um tiro registrado na base histórica do Instituto Fogo Cruzado. de 10 mil vítimas foi superada durante patrulhamento policial em Bela Vista, Rio Bonito, Rio de Janeiro.
“O Rio de Janeiro normalizou a barbárie. As mesmas operações com intensos tiroteios há mais de 20 anos são alvo de apostas vitais. E qual é o resultado concreto? Será que nos sentimos no final de uma operação com trânsito bloqueado, categorias suspensas e um número gigantesco de pessoas baleadas?O fato é que as operações policiais expõem a população a cada vez mais riscos, e nada muda. O tráfico de drogas e as milícias dominam mais espaços hoje do que há cinco ou dez anos. Qual o efeito dessas operações que não fazem parte de uma política mais ampla, estruturada e sagaz?Aliás, é emblemático que a primeira vítima desses 10 mil mapeados pelo Fogo Cruzado seja justamente um policial do Exército porque nos mostra que ninguém é quando o Estado opta pelo uso da força em vez de fazer planos baseados em planejamento, inteligência e preservação da vida. ” diz Cecília Olliveira, diretora-executiva do Instituto Fogo Cruzado.
Os agentes de segurança foram responsáveis por 8% dos baleados nessas ações: 157 mortos e 671 feridos, sendo a Polícia Militar a categoria mais atingida, com 752 tiros: 138 mortos e 614 feridos. Além disso, outras 716 pessoas foram perdidas pelas balas: 191 mortos e 525 feridos.
Levando-se em conta a diversidade de idades dos baleados em movimentos e/ou operações policiais, 55 eram jovens, 244 adolescentes, 9. 459 adultos e 99 idosos. Também houve dois jovens baleados ainda no ventre da mãe e outras 141 pessoas. mortos a tiros sem que sua idade fosse revelada. Os dados de jovens e adolescentes massacrados no Grande Rio podem ser encontrados na plataforma Futuro Exterminado. 47% dos jovens e adolescentes foram mortos a tiros por movimentos policiais.
“Crianças e adolescentes são alvo de violência armada no Grande Rio. Mas eles também crescem com insônia, ansiedade e transtornos de medo, sua expansão é severamente afetada. Não são apenas as marcas físicas que importam, as consequências mentais duram a vida toda. Não se trata de defender o fim das operações policiais, mas de perceber suas consequências e insistir que essa é a única política de segurança pública do Rio de Janeiro, porque simplesmente não produz resultados”, conclui Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado, no Rio de Janeiro.
Entre os casos listados, Kathleen Romeu foi morta em 8 de junho de 2021, por um tiro de fuzil, durante uma ação policial no Complexo do Lins, na zona norte do Rio. Alguns dias antes, Kathleen havia feito uma sessão de fotos com o marido para anunciá-lo. Ela estava grávida de 4 meses e no dia de sua morte havia ido para a casa de sua avó.
A violência dos movimentos policiais não foi a mesma entre as seis regiões que compõem o Grande Rio. O número de outras pessoas mortas a tiros durante as movimentações na zona norte é quase 10 vezes maior do que o número de vítimas na zona sul da capital. . Só a zona norte tem mais tiroteios do que as zonas oeste, central e sul juntas.
Zona Norte (Capital): 3. 001 – 1. 226 mortos e 1. 775 feridos
Metrópole Oriental: 2. 597 – 1. 200 mortos e 1. 397 feridos
Baixada Fluminense: 2. 300 – 1. 050 mortos e 1. 250 feridos
Zona Oeste (Capital): 1. 254 – 510 mortos e 744 feridos
Centro (Capital): 527 – 235 mortos e 292 feridos
Zona Sul (Capital): 321 tiros disparados – 121 mortos e duzentos feridos
A capital concentrou mais do que parte dos fuzilados. Os cinco municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro com maior número de movimentações e operações de pelotão de fuzilamento foram:
Rio de Janeiro: 5. 103 demitidos – 2. 092 mortos e 3. 011 feridos
São Gonçalo: 1. 540 – 699 mortos e 841 feridos
Niterói: 785 – 359 mortos e 426 feridos
Duque de Caxias: 579 – 226 mortos e 353 feridos
Belford Roxy: 457 – 223 mortos e 234 feridos
Das vítimas, 1. 188 foram mortas nas 295 chacinas policiais ocorridas neste período, sendo a mais letal delas no Jacarezinho, em 6 de maio de 2021, quando 27 civis e um segurança foram mortos. Em novembro de 2023, o Instituto Fogo Cruzado entrou com pedido de Estatuto Letal. , uma página online que registra todos os massacres policiais mapeados pelo Instituto até julho.
Sobre o Fogo Cruzado
O Fogo Cruzado é um instituto que utiliza geração para produzir e disseminar conhecimento aberto e colaborativo sobre violência armada, fortalecendo a democracia, a transformação social e a preservação da vida.
Com metodologia própria de ponta, o laboratório de conhecimento da instituição produz mais de 50 novos cartazes sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, Recife, Salvador e Belém.
Por meio de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza em tempo real dados verificados sobre tiroteios no único banco de dados aberto sobre violência armada na América Latina, que pode ser acessado gratuitamente por meio da API do Instituto.