A Ford voltará a produzir no Brasil? Ele respondeu ao Olhar Digital

A Ford parou de produzir seus carros no Brasil há quase três anos, mas continua fazendo do país um dos principais mercados para seus carros na América Latina. Em tão pouco tempo, notamos uma grande renovação no mercado. Hoje, o tema quente é a eletrificação. Nessas condições, como a montadora americana vê o Brasil?

Para responder a questão, o Olhar Digital conversou com Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul, que explicou quais são os objetivos da empresa. Ele também falou sobre a tecnologia a bordo, as situações exigentes dos veículos elétricos.

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“A Ford não está retomando a produção no Brasil ultimamente. Minha opinião é que, no futuro, à medida que o Brasil começar a anunciar essas tecnologias de eletrificação, conectividade, autonomia e semiautônomas, haverá dinâmicas de mercado muito diferentes”, explica o executivo.

O vice-presidente da Ford na América do Sul não descarta voltar no futuro. “A Ford estará atenta e olhando para as oportunidades. O último de tudo é o consumidor. Tenho que dar respostas de mobilidade e tornar a vida menos difícil para os consumidores, obrigado. “a toda essa tecnologia”, diz.

Para o executivo da Ford é inovar para continuar no setor. Nesse sentido, Golfarb compara o setor automotivo com o setor de geração. Afinal, as montadoras de hoje também são empresas de tecnologia. Ele cita o exemplo da Apple, que não prioriza fábricas próprias porque aposta na inovação e acaba terceirizando sua produção.

“Estamos em uma transformação global para que o automóvel seja um produto da tecnologia. Somos líderes europeus na carrinha há mais de dez anos; vans produzidas no Uruguai. A produção é totalmente terceirizada. E muito dessa liderança está comprometida. “ao desenvolvimento de produtos”, explica.

Golfarb, no entanto, tem dúvidas sobre o futuro que a Ford vai manter e ressalta que o Brasil continuará produzindo internamente e não buscará importar. Quando olho daqui a dez anos, não sei se o caminho será para a Ford Brasil ter que produzir. São outras coisas. O Brasil não pode abrir mão da produção e da manufatura locais. Mas a empresa tem que tomar caminhos muito diferentes”, diz.

“No setor automotivo, quem não inova não vai sobreviver. Vejo um desenvolvimento na inovação. Não posso dizer se vamos produzir ou não no Brasil, mas gostaria de ver a média de evolução tecnológica que temos no país (em Tatuí, no interior de São Paulo) continuar crescendo.

Ele também prevê que montadoras, como a Ford, se alinharão mais às empresas de tecnologia: “Os mecanismos de produção também mudarão. O setor automotivo ainda é muito voltado para a produção, mas isso está mudando. No futuro, veremos estruturas que são comuns às empresas de geração.

O executivo destacou tendências existentes no mercado automotivo, como conectividade e tecnologia no carro. Cada vez mais, os consumidores procuram carros com tantas tecnologias no carro imagináveis e a conectividade mais produtiva, para que possam permanecer conectados. ao que acontece fora do veículo durante a condução. Ouvir música, podcasts, notícias e mensagens se tornou quase uma ferramenta obrigatória para quem está no mercado de um carro.

Nesse sentido, Golfarb alerta que essa é a direção que a Ford está seguindo em última instância, já que toda essa conectividade e geração interna é encontrada em muitos desenvolvimentos de software e hardware.

“Tem uma parte de marketing e vendas, mas também essa inovação exige muita engenharia e muito desenvolvimento de software. E temos que investir no Brasil exatamente nessa área. Temos o maior centro, com especialistas executando conceitos que chegarão em 2030, 2035. Nosso estilo mudou. Temos fábricas na América do Sul que vêm do Brasil. E hoje, nós vamos oferecer um portfólio global no Brasil, é o mais produtivo que nós vamos oferecer no mundo. , híbrido e elétrico”, explica.

Nosso caminho é de inovação e aproveitamento dessa transformação tecnológica aqui no Brasil.

Nos últimos anos, o Brasil começou a receber quantidades gigantescas de veículos elétricos, que são o futuro do mercado automotivo. Essa é uma questão ambiental e tecnológica. Na verdade, as marcas de carros mais novas (e mais rápidas) que chegam por aqui, além de serem chinesas, estão se concentrando cem por cento em carros elétricos ou também oferecem modelos híbridos.

BYD, GWM, Neta, Jaecoo e Omoda são exemplos de marcas de automóveis (chinesas) que já oferecem ou chegarão ainda este ano, oferecendo modelos híbridos e promissores, com o objetivo de agradar os consumidores que utilizam veículos flex.

“Hoje o carro gera dados, tem tecnologias semiautônomas, já existem carros que trafegam de forma autônoma. Soma-se a isso o fato da conectividade e da eletrificação. Estamos transformando a mobilidade. É uma transformação de empresas, produtos e hábitos de consumo, que começam a ver compatibilidade de benefícios”, diz Golfarb. Mas onde a Ford tem compatibilidade nesse cenário?

“Nossa visão é voltada para o futuro. E esse longo prazo não está tão longe. Temos carros 100% elétricos nas estradas aqui no Brasil, no mundo inteiro. Há cinco anos, se eu tivesse dito isso, talvez eles tivessem pensado que levaria muito mais tempo”, disse.

A Golfarb, tal como outros líderes do setor automóvel, defende os veículos elétricos, destacando várias vantagens que têm em relação aos veículos a combustão, como a falta de vontade de ir ao posto de gasolina, durabilidade, eficiência energética, etc.

“Se você olhar para um carro 100% elétrico, verá que ele tem uma série de vantagens importantes. Até um terço a menos e é muito mais eficiente em termos energéticos. O motor elétrico tem uma potência de 90%. Do cem por cento da energia que entra nele, 90% é usado para o movimento. O motor a combustão, o mais produtivo deles, não ultrapassa os 30%. De toda a potência do combustível, apenas 30% é utilizada. O resto, em geral,. ” Se olharmos para o mundo e o slogan é energia em branco, a eletricidade é muito mais eficiente”, explicou, sublinhando, no entanto, que a energia terá de ser “ecologicamente correta”.

“O Brasil tem uma matriz energética mais limpa e luz solar ideal. Temos muito sol de norte a sul na maior parte do tempo. Quando você olha para esses benefícios e o comportamento do cliente, não ir a um posto de gasolina é uma grande vantagem. Ninguém gosta de abastecer o carro no posto de gasolina. Outra coisa, manter carros elétricos é muito mais fácil e barato. Você não substitui o óleo, você não substitui o filtro. É mais barato ter um carro elétrico reparado. “Tudo isso mostra que esse carro tem muita aderência, muitas vantagens intrínsecas”, diz.

“E há outra vantagem: os minerais das baterias são quase 100% recicláveis e quase sem perda de eficiência. Assim, em um carro elétrico, a economia circular é alcançada. Há muitas coisas que levam a ser elétrico. Se olharmos com atenção, estamos na primeira geração, na segunda geração de carros elétricos”, conclui.

Mas, como vimos, o mercado de energia elétrica ainda enfrenta resistências e situações exigentes a serem superadas em nosso país. Golfarb também discute o cenário, observando que a geração é cara, além de contar com baterias melhoradas e estações de carregamento mais rápidas. .

“O que está faltando? A tecnologia ainda é cara e, para isso, é preciso ter escala, que vem vindo aos poucos. E você tem que ter uma solução para recarregar. Existem dois caminhos: estações rápidas e eficiência da bateria. E a próxima geração de carros virá com mais capacidade, mais quilometragem e velocidades de carregamento mais rápidas. Isso acontecerá na próxima geração (cerca de 4 ou cinco anos). Essa é a curva das novas tecnologias.

Ele explica como será a próxima geração de veículos elétricos e que progresso precisa ser feito para torná-los mais eficazes e mostrar que eles vieram para ficar:

“A próxima geração também trará o seguinte: do ponto de vista aerodinâmico, os carros elétricos serão muito sofisticados. A resistência ao vento, resistência ao vento, aumenta com o quadrado da velocidade. Se você pegar um carro elétrico e dirigir pela cidade, dirigir e parar, provavelmente não perceberá que a velocidade cai tão temporariamente, porque toda vez que você freia, você se regenera. Nas estradas, em viagens mais longas, em velocidades máximas, essa resistência ao vento aumenta muito com a velocidade e drena a bateria. Os carros elétricos querem ser muito mais eficientes aerodinamicamente”, diz.

Golfarb destaca o fator do sistema de cobrança, que ele diz querer ser mais eficiente. Em todo o mundo, muitas marcas de carros e corporações tentaram fazer isso nesse sentido, adicionando sistemas de dispositivos, como smartphones.

“Algumas marcas de automóveis trabalharam nesse aspecto da rede de carregamento. O mais atrativo é que você tem equipes 100% dedicadas, porque elas foram criadas para criar essa rede de carregamento. O orçamento de investimento está chegando. Isso mostra que o segmento de veículos elétricos está na moda do ponto de vista de consumo e investimento. Tenho mantido contato com empresas que só investem em carregamento rápido”, conta.

Destaca-se também a ampliação da geração de carga em locais públicos. “O setor pessoal está agindo de forma criativa. Ele se muda para restaurantes e shoppings com estações de recarga porque é inteligente para eles. Hoje, foram introduzidos edifícios que já têm um posto de carregamento. . Então a gente vê esse movimento acontecendo naturalmente na economia.

“O principal obstáculo para os carros elétricos é o carregamento e a estação de carregamento. Como estação de carregamento, o setor pessoal prevalecerá à medida que o mercado se desenvolver. E a carga será transmitida para baixo. E, em um futuro próximo, o carro elétrico também pode ser uma fonte de inspiração. Você pode não ter, mas precisa”, diz.

Golfarb ainda lembra de outras tecnologias que, quando chegaram ao Brasil, eram muito caras e disponíveis para um público pequeno:

“O carro elétrico conectado seguirá o estilo de outras invenções que foram implementadas no passado aqui no Brasil. A televisão a cores era muito cara. Para outras pessoas com renda mais alta, as conversas não eram tão diferentes daquelas sobre carros elétricos. Por que você quer isso? Preto e branco é bom!Quando você trazia um celular, era uma fortuna. Mas hoje em dia, é altamente improvável encontrar um usuário sem um smartphone. As pessoas aderiram porque há benefícios aparentes no dia a dia. E o carro elétrico, para mim, segue o mesmo caminho. A tecnologia reduzirá custos, a escala ajudará e veremos carros elétricos, pouco a pouco, e cada vez mais disponíveis a tempo. “

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e recentemente colaborador do Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, com especialidade em redes sociais e tecnologia.

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