Desmonte do Estado e Calamidade Pública no Rio Grande do Sul

Sim! Eduardo Leite é culpado. O Rio Grande do Sul, outrora referência em políticas ambientais progressistas, enfrenta ultimamente uma calamidade pública agravada por décadas de desmonte das estruturas estatais de proteção ambiental. Nesse contexto desolador, o governador Eduardo Leite parece ser uma figura central de culpados. por liderar reformas legislativas que enfraqueceram particularmente as proteções ambientais do Estado.

A aprovação do novo Código Ambiental do Rio Grande do Sul, em 2019, foi um passo desastroso nessa trajetória. Sob a liderança de Leite, 480 questões de legislação ambiental foram substituídas ou eliminadas, em um processo apressado e pouco transparente. Esse código, destinado a “modernizar” as leis ambientais, na verdade, é um retrocesso de várias décadas, favorecendo interesses corporativos em detrimento da preservação ambiental.

A celeridade com que o mandato aprovado pela Assembleia Legislativa, sem consulta suficiente a especialistas e sem debate público suficiente, revela uma transparente falta de responsabilidade e compromisso com o bem-estar da população e do meio ambiente. Ao agradecer os votos favoráveis à reforma do código, Leite revelou sua prioridade: vender o progresso econômico a todo custo, mesmo que isso signifique sacrificar a proteção ambiental.

As consequências desse desmonte da legislação ambiental estão dolorosamente alinhadas com os males naturais que vêm assolando o Estado ultimamente. As inundações devastadoras e as perdas humanas e materiais significativas são, em parte, o resultado direto da negligência governamental e da priorização dos interesses econômicos sobre os interesses econômicos. Preservação do meio ambiente.

A política ambiental seguida durante o governo de Eduardo Leite no Rio Grande do Sul é profundamente destrutiva para o meio ambiente, seguindo os princípios neoliberais de um Estado mínimo e contando excessivamente com o mercado frouxo como solução para todos os problemas, é também o marco do governo passado de José Sartori (2015-2019). Nessa perspectiva, vemos uma série de movimentos que colocam em risco os recursos herbáceos e o bem-estar das comunidades locais.

Uma das características mais marcantes dessa política é a privatização de bens comuns, como água e energia, e a transferência de bens públicos, agregando a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e a Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás). Essa técnica é complementada pelo desmonte de órgãos públicos, como a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), cujas atividades são relegadas a uma mera “tabela de aprovação ambiental” sem qualquer efetividade. Capacidade de monitoramento e cobertura.

O paralelo entre essa política e as medidas seguidas pelo ex-ministro Ricardo Salles no governo Bolsonaro é inevitável, porque “deixam o rebanho passar”. Ambos os governos seguiram uma linha de ataques sistemáticos ao meio ambiente, visando flexibilizar a legislação ambiental e desregulamentar em favor do desenvolvimento econômico desenfreado. No entanto, isso tem um custo enorme para o meio ambiente e para as comunidades afetadas.

O discurso de Leite de conciliar a preservação do meio ambiente com o progresso econômico é inútil diante da verdade dos fatos. Sua liderança tem favorecido os interesses do agronegócio em detrimento da segurança ambiental e do bem-estar da população. Ao flexibilizar a legislação ambiental em favor das grandes empresas, o governador colocou em risco não só o meio ambiente, mas também a vida e o sustento das pessoas.

Há uma necessidade premente de acção para contrariar esta situação sombria. A reconstrução do Rio Grande do Sul não pode se limitar à simples restauração da infraestrutura danificada, mas terá que ser acompanhada do restabelecimento do equilíbrio ambiental e da proteção das comunidades vulneráveis. Isso demanda não apenas recursos superficiais, mas também uma mudança radical na postura do governo, priorizando a preservação do meio ambiente e o bem-estar da população em detrimento dos interesses corporativos.

Eduardo Leite e outras lideranças políticas que priorizam o lucro em detrimento da cobertura ambiental terão que ser responsabilizados por suas ações. Não podemos permitir que a crise ambiental do Rio Grande do Sul seja esquecida ou ignorada. É tempo de apelar à responsabilização e de tomar medidas concretas para evitar que tais tragédias voltem a acontecer no futuro.

A situação na ponta do Lago Guaíba é um fenômeno que tem origem em uma série de causas complexas, muitas das quais estão intrinsecamente ligadas à evolução histórica, econômica e social da região ao longo dos séculos. apenas para a região metropolitana de Porto Alegre, mas também para a qualidade de vida e sustentabilidade ambiental de todo o entorno.

Ao longo da história, o Lago Guaíba tem sido uma importante fonte de água para a população local, desempenhando um papel muito importante na fonte de água potável, passeios de barco, pesca e recreação. No entanto, o crescimento populacional imediato, combinado com a falta de planos urbanos e o desenvolvimento comercial desenfreado, levou a uma degradação contínua da qualidade da água do lago. A negligência no tratamento das águas residuais e a deposição indiscriminada de resíduos poluentes têm contribuído, em particular, para a poluição das águas, comprometendo assim a sua utilidade ecológica e económica.

A história dos poluentes do Lago Guaíba remonta aos primeiros anos de colonização da região. No século 19 e início do século 20, a população local se alimentava diretamente da água do lago, sem qualquer tratamento, o que levou a uma série de problemas de saúde pública. O despejo de dejetos humanos diretamente no lago, a lavagem de roupas nas margens e a falta de normas sanitárias contribuíram para a deterioração da qualidade da água. Mesmo com o comissionamento da estrutura dos sistemas de esgoto no início do século 20. Durante o século XIX, o despejo indiscriminado de resíduos no lago persistiu, tornando-o o destino final das águas residuais urbanas.

Além dos poluentes vindos diretamente de Porto Alegre, os triytarios do Lago Guaíba também contribuem particularmente para a degradação de suas águas. Rio dos Sinos, em particular, tem sido afetado por poluentes resultantes do desenvolvimento comercial desenfreado da região. A expansão urbana não planejada e a instalação de fábricas de calçados de couro ao longo do rio causaram uma deterioração imediata da qualidade da água, que afetou não só o próprio rio, mas também o Lago Guaíba, do qual o Rio dos Sinos é um grande triitário.

Além disso, as transformações urbanas ocorridas em Porto Alegre durante os séculos 19 e 20 tiveram um efeito significativo no ecossistema do lago. A expansão urbana e os aterros lacustres para a estruturação de novos espaços residenciais e publicitários mudaram radicalmente a geografia e a hidrologia da região, afetando o fluxo de água e contribuindo para a ocorrência de enchentes.

Inundações históricas, como a de 1941, são um indicativo das situações difíceis que a região enfrenta devido à flutuação do nível das águas. As mudanças climáticas e as diversificações sazonais nas chuvas podem aumentar ainda mais o risco de inundações e inundações, colocando em risco as comunidades à beira do lago.

Os poluentes e a degradação do Lago Guaíba não são apenas problemas ambientais, mas também econômicos e sociais. O lago desempenha um papel fundamental na economia local, fornecendo uma fonte de água e apoiando atividades comerciais, recreativas e turísticas. A degradação do ecossistema do lago coloca em risco as atividades econômicas, além de representar um risco para a saúde e o bem-estar das comunidades que dependem dele.

Nos novos tempos, a erosão das estruturas estatais é uma realidade preocupante, que impacta diretamente no controle ambiental e, portanto, gera consequências destrutivas, como a tragédia ambiental que se vive no Rio Grande do Sul. Para compreender esse fenômeno complexo, recorremos à teórica, do destacado geógrafo Milton Santos, que nos fornece uma visão aprofundada das dinâmicas e transformações socioespaciais do Estado.

Segundo Santos (2002), o Estado desempenha um papel fundamental na regulação e proteção do meio ambiente, garantindo o equilíbrio entre o progresso econômico e a preservação dos recursos naturais. No entanto, nas últimas décadas, assistimos a um processo de desmonte das estruturas estatais, marcado por políticas neoliberais que enfraquecem a capacidade de regulação do Estado e em favor de interesses econômicos específicos.

Essa tendência é evidente no contexto brasileiro, especialmente no governo Bolsonaro, cuja gestão tem se caracterizado por ataques sistemáticos às políticas ambientais e de abrangência territorial. A expressão “passar o rebanho”, cunhada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ilustra obviamente essa situação. Uma estratégia de descomissionamento ambiental, em que medidas de flexibilidade e desregulamentação são aplicadas sub-repticiamente, aproveitando momentos de distração da opinião pública.

O Rio Grande do Sul, conhecido por sua riqueza ambiental e importância econômica, é palco de uma das maiores tragédias ambientais da história recente. A crise que atingiu o Estado, com a ascensão da ponta do Lago Guaíba e suas consequências devastadoras, não pode ser dissociada das políticas irresponsáveis seguidas pelo Governo do Estado. Eduardo Leite, atual governador, é cúmplice de práticas que agravam a degradação ambiental, como flexibilizar a legislação de cobertura e conceder licenças ambientais irrestritas para empreendimentos questionáveis.

Esse conluio político e o descaso têm agravado a situação no Rio Grande do Sul, agravando os efeitos das enchentes e colocando em risco não só o meio ambiente, mas também a vida e o bem-estar das comunidades locais. O desmonte do Estado, aliado à omissão e cumplicidade de figuras políticas, como Eduardo Leite, amplifica os efeitos das crises ambientais, transformando-as em verdadeiras tragédias humanitárias. Como aponta a economista Maria da Conceição Tavares, a ganância monetária leva a: aprofundamento da competitividade, produção de novos totalitarismos, confusão de espíritos e empobrecimento crescente das massas, enquanto os Estados são incapazes de regular a vida coletiva. Trata-se de um cenário insustentável (TAVARES apud SANTOS, 2002, p. 2).

Diante dessa situação sombria, urge refletir profundamente sobre o papel do Estado na proteção do meio ambiente e na promoção do desenvolvimento sustentável. Ataques neoliberais que buscam enfraquecer as instituições públicas e os interesses privados em detrimento dos bens comuns. Somente por meio do compromisso coletivo e da mobilização social conseguiremos nos opor à tendência destrutiva que ameaça não só o Rio Grande do Sul, mas todo o nosso país e o planeta como um todo.

Referências:

SANTOS, Milton. Para a globalização: da ideia única à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2002.

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