Minas Gerais é palco de uma articulação política para 2024 e 2026

Devido à sua localização geográfica, tamanho, importância econômica, características populacionais e grau de influência de seus vizinhos, Minas Gerais é considerada por muitos como a síntese do Brasil. O norte do estado é semelhante ao Nordeste, enquanto a economia ocidental tem um sabor mais agrícola vindo do Centro-Oeste. O sul, por outro lado, é mais parecido com São Paulo e o leste é mais parecido com o Rio. Isso se reflete na formação da sociedade de outras formas, como sotaques e costumes. E também no costume durante as eleições. Nos conflitos presidenciais, o veredicto do eleitorado local sempre coincidiu com o do país: desde a redemocratização, um político nunca chegou ao Palácio do Planalto sem a unção dos mineiros. Se isso continuar acontecendo nas próximas eleições, podemos esperar muita incerteza: ultimamente a situação no estado é bastante confusa, com várias equipes políticas disputando a área e pouca clareza sobre onde as segundas eleições mais importantes finalmente ocorrerão. .

O jogo truncado do estado é muito simbolizado por sua capital, Belo Horizonte, o terceiro município em número de eleitores no país. Nada menos que dez pré-candidatos aspiram à vaga ocupada recentemente pelo prefeito Fuad Noman (PSD). , que concorrerá a um novo mandato. A última pesquisa, realizada pela AtlasIntel no fim de abril, coloca o deputado estadual Bruno Engler (PL), líder do bolsonarismo, na liderança, seguido pelo deputado federal Rogério Correia (PT). , o candidato de Lula (ver caixa). Mas outras pesquisas apontam para outros cenários, alguns mais fragmentados, e todos implicam pouca certeza sobre o favoritismo.

Analistas correm o risco, no máximo, de apontar para a opção de um confronto definitivo no momento de circulação entre direita e esquerda. Para Malco Camargos, doutor em ciência política e diretor do Instituto Ver, os nomes que saem com mais sensibilidade são os que mais lembram campanhas passadas: Engler foi para a segunda circular em 2020, enquanto Correia tem dois mandatos como deputado estadual e dois como deputado federal consecutivo. Ninguém, por outro lado, participou de uma eleição (ele é vice-presidente e assumiu o cargo em 2022 após a saída do prefeito Alexandre Kalil para concorrer ao governo). Em sexto lugar, com 5%, ele é o prefeito da capital no pior cenário inicial.

Na disputa estão candidatos apoiados por meio de lideranças eleitorais nacionais, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD), além de lideranças locais, como o governador Romeu Zema (Novo) e o deputado Aécio. Neves (PSDB). Embora haja muitos padrinhos, seu peso nas eleições ainda não rendeu bons resultados. A candidata de Zema, a secretária de Estado do Planejamento, Luisa Barreto, tem 1,6%. “O que caracteriza o embate até o momento é a ausência de candidatos fortes representando o poder municipal e estadual, além da influência limitada de lideranças regionais e nacionais”, disse Camargos.

Os principais campos políticos do país, a direita e a esquerda bolsonaristas, estão fragmentados no conflito. Engler e Correia concorrem como pré-candidatos a Bolsonaro e Lula, mas há um partido nos espaços que representam. para conhecer: hoje, além de Correia, há a deputada federal Duda Salabert (PDT) e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL). No dia 23 de maio, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente do PDT, Carlos Lupi, e seus pré-candidatos se reuniram para verificar “A ideia é reunir forças para garantir pelo menos uma convocação ao local de votação no segundo turno”, disse Correia. Para o petista, a candidatura na capital mineira é considerada estratégica porque seria o único dos 3 maiores municípios do Sudeste onde o PT teria candidato próprio, já que tomou a decisão de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo e estará junto com Eduardo Paes (PSD) no Rio. Essa matriz, assim como a dada ao PSB em Curitiba e Recife, é o principal argumento do PT para liderar a esquerda em Belo Horizonte.

Atrás dos candidatos de direita e esquerda, o centro busca se organizar. Mas há problemas. Uma delas é a incerteza em torno do PSD, do partido de Noman, Kalil e do ministro de Minas e Energia e senador Alexandre Silveira. O grande desafio de Noman é dar-se a conhecer aos eleitores. Compromisso com as pinturas da prefeitura No entanto, o complexo Kalil, considerado fundamental, não está garantido. “Respeito a posição dele e qualquer resolução que ele faça não vai prejudicar a nossa amizade”, disse o prefeito. Kalil lembra que não tinha o Noman quando se candidatou ao governo. Ele disse que estava ocupado com a prefeitura”, lembra. Segundo ele, isso o deixa livre para tomar a decisão que quiser. Kalil deixou a prefeitura com aprovação maravilhosa e ainda é considerado o principal líder eleitoral de Belo. Ele sabe disso e tem conversado com pré-candidatos de todas as siglas, “menos o campo bolsonarista”.

Kalil, como diz o ditado popular, tem “um olho no peixe e outro no gato”. Enquanto se preparam as eleições municipais, os protestos de 2026 e a opção de formar uma frente ampla em torno da sua convocação no governo estão à espreita. Em 2022, chegou a ter o controle de Lula, mas foi derrotado por Zema no primeiro turno. Mas o primeiro seria possivelmente, ou não, o único que hoje se dedica a uma política de caça a futuros. Além de ser um estado estratégico para as eleições presidenciais, Minas está com a disputa para governador aberta. Zema, no segundo mandato, não consegue se apresentar como candidato, mas tenta influenciar seu vice-presidente, Mateus Simões (Novo), que é quem manifesta a candidatura de Luisa Barreto à presidência. Zema, que já sonhava (ou ainda sonha) com a candidatura presidencial, possivelmente teria que viabilizar sua candidatura ao Senado como plano B. O governador tem dado sinais ao PL, como a indicação do deputado estadual Alê Portela para seu cargo. posição. secretariado, que se pensa abrir a opção de aliança, somando-se à Câmara Municipal. O PL conta atualmente com a maior organização de deputados federais e estaduais de Minas Gerais.

Aécio Neves também repete seu voo de fênix para 2026. Governador por dois mandatos, com aprovação justa, caiu em desgraça com a Lava-Jato, mas busca voltar ao topo. O tucano busca facilitar a candidatura de seu ex-secretário, João Leite, a prefeito, mas sua influência em Belo Horizonte é fraca: o último prefeito do partido foi Eduardo Azeredo, há trinta anos. No PSDB, sua própria candidatura em Belo Horizonte ainda é considerada uma “hipótese”, e as discussões giram em torno da opção de Leite integrar uma lista de vices. A ordem do PSDB é publicar o maior número possível de candidaturas a prefeito para recuperar o espaço perdido e anunciar mais roubos em até dois anos. Outro que deve estar no governo é Rodrigo Pacheco, que manifesta apoio a Noman de partidos como União Brasil, de seu melhor amigo no Senado Davi Alcolumbre (AP).

O confronto em torno de Minas mobilizou os principais partidos em todo o estado. O PT e o PL vão se enfrentar diretamente nas grandes cidades, como Contagem, Uberlândia, Montes Claros, Governador Valadares e Juiz de Fora, onde há opção de segundo turno. No estado, o PT tem 273 pré-candidatos a prefeito e vice-presidente. O PL planeja liberar candidatos em cerca de 400 cidades. Os estudos não visam apenas controlar um número gigantesco de prefeitos (15% do país), mas ao mesmo tempo garantir que o estado tenha 17 milhões de eleitores (10% do eleitorado brasileiro), capazes de manter o roteiro de Minas Gerais e ser decisivo para os rumos do país nos próximos anos. .

Publicado em VEJA em 31 de maio de 2024, 2895

Leia também mais

Abril Comunicações S. A. , CNPJ 44. 597. 052/0001-62 – Todos os direitos reservados.

MELHOR OFERTA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *