Anúncio
Uma velha conhecida do mercado de capitais brasileiro está prestes a voltar à cena. A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), que há mais de 20 anos está fechada, promete se tornar a concorrente da B3 (B3SA3) — única hoje em operação no País. Na última semana, a Câmara de Vereadores e a prefeitura da capital fluminense aprovaram o projeto de lei que reduz a cobrança de impostos para a atividade financeira na cidade e viabiliza a recriação da BVRJ.
A chegada de uma nova bolsa deverá trazer mais investimentos (e investidores) não só para o Rio, mas para o país. “Temos que criar um ambiente económico, um conjunto de atrações e novos mercados que irão surgir. ” , comemorou Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, após a sanção do projeto de lei 3. 276.
Em suas redes sociais, Paes publicou um vídeo que contém provocações gentis à população paulista e aos seus compatriotas da B3. “O Rio de Janeiro está recuperando seu importante papel econômico no país. Continuaremos criando cada vez mais oportunidades para dar vida ao nosso progresso e obter vantagens do Rio e de todo o Brasil”, disse o prefeito na mensagem. esperado da BVRJ começa no segundo semestre de 2025.
Anúncio
Conteúdo e análises exclusivas para o seu investimento. Cadastre-se na Agora Investimentos
Não só o prefeito do Rio de Janeiro comemorou essa medida. O Americas Trading Group (ATG), que há mais de uma década busca táticas para entrar no Brasil, pretende instalar na Cidade Maravilhosa sua plataforma eletrônica de negociação para mercado de capitais. A partir de agora você terá total liberdade para explorar ativos monetários na segunda maior capital do Brasil.
Inaugurada em 1820, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) passou a funcionar no Brasil depois da Bovesba, a Bolsa de Valores Bahia-Sergipe-Alagoas. Ao longo dos anos, tanto os ativos negociados quanto o cenário político do país passaram por grandes transformações. , bem como a própria Bolsa de Valores do Rio.
Ela foi espectadora da transição do Império para a República, além de assistir às mudanças promovidas pelo ciclo do café e pela industrialização. Com isso, a bolsa carioca também evoluiu. Enquanto em seus primeiros anos ela negociava mercadorias, gado, seguros e fretes de navio, ao chegar ao século XX os seus principais ativos eram ações, debêntures e letras hipotecárias.
Para muitos, o apogeu da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro ocorreu entre as décadas de 1960 e 1970. Durante a ditadura militar, o Brasil passou por uma era de crescimento, conhecida como “milagre econômico”. O volume de transações aumentou significativamente.
Ao atrair investidores estrangeiros, a BVRJ tornou-se um dos principais mercados de capitais da América Latina na época. Não que tenha desempenhado um papel central no financiamento do desenvolvimento econômico do país.
Não demorou muito para que algumas pedras parecessem atrapalhar a BVRJ. Se por um lado o “milagre econômico” trouxe um momento de força às atividades brasileiras, alguns anos depois refletiu a instabilidade econômica.
Entre as décadas de 1980 e 1990, altas taxas de inflação e crises cambiais tiveram um efeito negativo no mercado de capitais do Rio. Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) começou a ganhar importância e atrair um número cada vez maior de empresas e investidores.
Mas foi em 1989 que eclodiu uma crise no BVRJ: Naji Nahas, empresário e investidor, provocou o colapso da bolsa. Com a intenção de comprar uma quantidade significativa de estoque para inflacionar os preços, Nahas tomou emprestadas quantias gigantescas de dinheiro para investir. nos ativos. Esta é a sua arriscada estratégia de alavancagem na qual negociou consigo mesmo, através de laranjas.
Anúncio
Em junho do mesmo ano, quando os participantes do mercado começaram a suspeitar de uma bolha especulativa, Nahas começou a ter empréstimos negados. Ele até tentou manter suas posições com cheques de um milhão de dólares, o que temporariamente se mostrou insuficiente.
Foi quando as corretoras ficaram endividadas, os investidores entraram em pânico e a negociação de ações foi suspensa. Por sua vez, os activos indexados perderam um elevado valor de mercado. Mais tarde naquele ano, Nahas foi acusado e preso por manipulação de mercado e práticas monetárias fraudulentas. A BVRJ perdeu credibilidade e nunca mais se recuperou.
A Bolsa do Rio não teve um novo começo até 2002, quando se fundiu com a Bovespa de São Paulo. Trata-se de uma moção que visava consolidar o mercado de capitais brasileiro e aumentar sua competitividade no cenário externo. Esta fusão marcou o fim das operações independentes da BVRJ.
Embora o prefeito Eduardo Paes tenha brincado com a antiga disputa entre São Paulo e Rio de Janeiro, os interesses na reativação da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro estão realmente concentrados em certas figuras estratégicas. O município possui mais de 4 mil fundos de investimento, entre os 57 mil cadastrados no país (dados de 2023). Em termos de patrimônio, a cidade administra 2,2 bilhões de reais.
Além disso, há cerca de 1,1 milhão de investidores brasileiros registrados no Rio de Janeiro. O conhecimento vem da Prefeitura do Rio de Janeiro. Em comparação, a B3 (B3SA3) tem recentemente 19,4 milhões de investidores individuais, pois é a bolsa que atua em todo o país.
Entre 2021 e 2023, o setor monetário foi o quarto contribuinte do imposto (ISS), com nada menos que 1,5 bilhão de reais, ou 9,1% da receita total, segundo dados da Secretaria Municipal de Agricultura e Planejamento do Rio.
Anúncio
O segmento conta com 68. 500 funcionários (aproximadamente 3,7% dos cidadãos contratados na cidade) e gerou 2. 700 novos empregos entre 2021 e 2023. Vale destacar também que o salário médio mensal dos profissionais do setor monetário no Rio é de R$ 9. 500. É com esses números que a Bolsa do Rio reativa a atividade.
*Contribuição de Gabriel Serpa
Ao oferecer meu conhecimento, aceito a política de privacidade de conhecimento do Estadão.
Invista em informação