07/08/2024 – 15h35
O fogo que assola o Pantanal já causou a morte de pelo menos três onças-pintadas, segundo o biólogo Gustavo Figueiroa, que atua na linha de frente no combate às queimadas na rede de Brigadas Pantaneiras.
Na última segunda-feira (5), a localização de dois filhotes carbonizados movimentou os grupos que atuam na conservação e recuperação do bioma. Os animais foram descobertos no município de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, e a terceira onça-pintada morreu através da fogueira. descoberto na propriedade Recanto Ecológico Caimán, em Miranda, a cerca de 75 quilômetros de Aquidauana, disse o biólogo.
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“A onça é um predador maravilhoso, é um animal super vital para o meio ambiente, além de ser super ágil: pode fugir, nadar, subir em árvores. E quando você ver onças queimando, acredite em todo o resto da vida selvagem. lá, muito mais lento e menos ágil”, explica.
O estudo Responses of Neotropical Mammals to Megafires in the Brazilian Pantanal, publicado em abril deste ano pela revista clínica Global Change Biology, destacou que no incêndio de 2020, o maior já registrado no bioma, as onças foram as únicas dos 8 espécie estudada. (jaguatiricas, onças-pardas, queixadas, tatus gigantes, cutias, veados-da-floresta e antas) que não sofreram alívio em suas populações, devido à sua capacidade migratória. No entanto, os investigadores alertaram que “o aumento da frequência e gravidade dos incêndios causados pelo homem provavelmente terá efeitos deletérios na distribuição e persistência das espécies”.
O tatu-canastra, por exemplo, é conhecido há muito tempo como uma das espécies mais vulneráveis aos incêndios porque suas populações já são pequenas, suas taxas de reprodução são lentas e é difícil escapar dos incêndios. “Os tatus procuram refúgio seguro em tocas de incêndios florestais, e as mega-chaminés provavelmente causaram a maior mortalidade devido à temperatura do solo e à inalação de fumaça”, sugere o estudo.
A antecipação do período de seca, provocado pelas mudanças climáticas e pela intensidade das queimadas deste ano, já supera em números o cenário de 2020, quando 43% do bioma foi queimado, afetando massivamente a vida selvagem.
“É um efeito gigantesco porque é uma fauna que sofre há alguns anos, com estes incêndios repetidos e constantes e essa resiliência está a perder-se. Como resultado, muitas espécies estão experimentando declínios populacionais e há uma escolha. de extinções locais”, diz Gustavo.
O biólogo conta que no combate aos fogões no Pantanal, as brigadas enfrentam muitas dificuldades, principalmente no acesso a áreas seguras, como as dos andares superiores. Nessas áreas, são utilizadas técnicas como o uso de fogões, em que as plantas são retiradas em tiras para evitar a propagação da chaminé, e a queima de expansão, que é uma contra-chaminé.
Outro dos desafios destacados por Figueiroa é a situação meteorológica existente. “Durante estas ondas de calor, com esta seca, é muito fácil a chaminé espalhar-se, mesmo em espaços onde já lutamos e controlamos a chaminé. Dependendo do vento e da temperatura, muitas dessas brasas reacendem e podem ser jogados em espaços que ainda arderam, dificultando muito a tarefa.
O Recanto Ecológico Caimán, onde uma das onças morreu, é um domínio de 53. 000 hectares do Pantanal, que promove o ecoturismo como ferramenta para a conservação do bioma, atividades como safári fotográfico, monitoramento de espécies e educação ambiental. Lá, 5,6 mil hectares compõem a reserva natural pessoal de Doña Aracy, onde a fauna e a flora permanecem livres, somando-se ao uso sustentável.
Segundo a instituição, 80% do domínio já foi afetado por um incêndio em julho e as atividades de ecoturismo foram suspensas até o final de setembro. “Nossa prioridade e nosso objetivo são – e têm sido – a conservação da fauna e da flora, das milhares de espécies que encontram refúgio seguro aqui”, disse em nota.
De acordo com o governo do Mato Grosso do Sul, o Grupo Técnico de Resgate de Animais do Pantanal (Gretap) trabalha com 30 profissionais especializados em resgate nas demais frentes de combate a incêndios. Os animais resgatados que precisam de cuidados são encaminhados para os centros de reabilitação de Corumbá e Campo Grande.
No último boletim publicado nesta terça-feira (6), por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, até o último domingo (4), 564 animais silvestres foram salvos.