Em discursos separados na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu assessor especial de política externa, o embaixador Celso Amorim, discutiram alternativas imagináveis.
“Se ele (Maduro) não tivesse um senso incomum, ele poderia simplesmente apelar ao povo venezuelano, até mesmo convocar novas eleições, identificar critérios para a participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral apartidário que envolveria todos os globais e deixá-los entrar. .
Essa proposta, já discutida na Colômbia, faz parte da troca verbal entre Lula e o presidente colombiano, Gustavo Petro, na tarde desta quarta-feira.
“Existem várias soluções. Criar um governo de coalizão. Apelar à oposição. Muitas outras pessoas que estão no meu governo não votaram em mim e convidei todos para participarem do governo”, acrescentou Lula.
Depois, em sua conta no Twitter, Petro falou da necessidade de um acordo político interno na Venezuela, da criação de um governo de coalizão de transição e da realização de novas eleições, no mesmo espírito de Lula.
“Um acordo político interno na Venezuela é o caminho para a paz. Depende apenas dos venezuelanos”, escreveu ele.
O conceito chegou também ao presidente norte-americano Joe Biden, que, ao ser questionado se convocaria novas eleições no país, respondeu que sim.
Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUAmais tarde, ele afirmou que Biden “fala sobre o absurdo de Maduro e a desonestidade de seus representantes sobre a eleição de 28 de julho”, sem reverter os comentários de Biden sobre novas eleições.
O porta-voz acrescentou que está “absolutamente claro” que o candidato da oposição, Edmundo González, concorrerá às eleições.
“DESRESPEITO”
Em Brasília, em audiência pública no Senado, Amorim disse que Biden deve conversar com Lula nesta semana sobre a questão venezuelana.
Porém, a ideia de novas eleições já foi descartada por ambos os partidos no confronto na Venezuela. A líder da oposição, María Corina Machado, chegou a dizer que esta proposta constitui uma “falta de respeito” para com os venezuelanos.
Maduro rejeitou os comentários de Biden e Lula, dizendo que os Estados Unidos e o Brasil disputaram eleições no passado nas quais a Venezuela se absteve de se envolver.
“Rejeito categoricamente o conceito de que os Estados Unidos estão olhando para a autoridade eleitoral da Venezuela”, disse Maduro na televisão estatal.
“Biden deu uma opinião intervencionista sobre os problemas da Venezuela. ”
Em audiência perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado, Amorim afirmou que o Brasil não coloca o fator de novas eleições como proposta brasileira. Segundo ele, esse é um dos conceitos que surgiram das conversas entre países que buscam uma solução para a crise. na Venezuela.
“Não propus e não se discutem novas eleições. É uma ideia, como há outras”, afirmou, sublinhando, no entanto, que ambos os partidos estão satisfeitos com isso, uma vez que qualquer um dos dois afirma ter vencido as eleições. .
De acordo com uma fonte diplomática brasileira entrevistada pela Reuters, a determinação dos presidentes brasileiro e colombiano em relação aos seus ministros das Relações Exteriores – o brasileiro Mauro Vieira se reuniu na quinta-feira com seu homólogo colombiano, Luis Gilberto Murillo – em acentuar as negociações com as duas partes para tentar encontrar uma solução viável para ambos.
O maior problema, no entanto, é que o governo de Nicolás Maduro está disposto a negociar e acabar com as detenções arbitrárias e os casos de violência contra opositores, disse ele.
O telefonema solicitado pelo presidente venezuelano a Lula, disse a fonte, tomará uma posição se houver progresso nessas questões.
Outras propostas também não impedem o governo brasileiro de insistir na publicação das atas dos votos por meio do governo venezuelano. Na quinta-feira, Lula e Amorim deixaram claro que não haveria popularidade da vitória declarada de Maduro sem a apresentação dos documentos.
“Ainda não. Ainda não. Ele (Maduro) sabe que deve uma explicação à sociedade brasileira e ao mundo. Ele sabe disso”, disse Lula, quando perguntado na entrevista de rádio que identificou Maduro como o presidente reeleito da Venezuela. Formação.
Segundo o presidente, não é possível tomar posição sobre as eleições no país vizinho até que os efeitos da votação ocorram.
No Senado, Amorim reiterou a posição manifestada por meio de Lula. “Se não houver acordo não há progresso, não. Reconheceremos um governo se os ministros comparecerem”, declarou ao ser questionado pelos senadores.
A autoridade eleitoral venezuelana proclamou Maduro o vencedor das eleições com 51% dos votos, embora tenha publicado a contagem completa.
Relatos da oposição, num site público, mostram que o candidato da oposição, Edmundo González, obteve 67% dos votos.