Racismo e equipes neonazistas no Brasil preocupam relator da ONU

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16/08/2024 23:17, atualizado em 16/08/2024 23:17

Após concluir sua visita ao Brasil, o Relator Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre formas contemporâneas de racismo disse que o país deseja movimentos transformadores para acabar com o racismo sistêmico.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (16/8), Ashwini K. P, afirmou que afrodescendentes, indígenas, comunidades quilombolas, ciganos e outros grupos étnicos e raciais marginalizados no Brasil são afetados.

Segundo ela, essas equipes continuam a se deleitar com “manifestações multifacetadas, profundamente interconectadas e generalizadas de racismo sistêmico, como os legados do colonialismo e da escravidão”.

A relatora especial também disse que estava “chocada por ter sido informada da presença de equipes neonazistas propagando discurso de ódio e crimes de ódio”. Ele expressou medo sobre relatos de islamofobia contra imigrantes, incluindo refugiados e solicitantes de refúgio, especialmente em Santa Catarina.

Ashwini disse que a expansão de células neonazistas nos estados do sul do Brasil e outras burocracias do extremismo de direita são “motores perigosos de uma nova burocracia de racismo e de outra burocracia de ódio e intolerância”.

O especialista pediu ao Brasil que “intensifique seus esforços para enfrentar as tendências que preocupam”.

O relator disse que o racismo sistêmico persiste desde a formação do Estado brasileiro, apesar dos contínuos esforços corajosos para conscientizar os grupos étnicos e raciais marginalizados. O especialista da ONU elogiou o Brasil por detectar a discriminação racial como um fenômeno sistêmico e por adotar fortes políticas e leis de prevenção.

Contudo, o relator afirmou que “apesar desses esforços, a vida de outros afrodescendentes, indígenas, quilombolas e ciganos é marcada, em muitos casos de forma irreparável, pela violência endêmica e pela exclusão racial”.

Para Ashwini, “as pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados esperaram demasiado tempo pela justiça e pela igualdade”, sublinhando que muitas vidas dependem de ações “mais ousadas e mais imediatas”. Ele disse que o progresso nas principais questões de justiça racial tem sido lento.

O relator da ONU disse que a invasão de terras indígenas e quilombolas é uma das manifestações do racismo sistêmico e fere o direito a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável para todos.

Segundo ela, a degradação ambiental, a poluição e a extração de recursos vegetais que ocorrem após a invasão das terras dos povos clássicos expõem as comunidades a pesticidas destrutivos, envenenamento por mercúrio e doenças infecciosas.

Ashwini disse que em várias reuniões das quais participou, ficou evidente que a “falta de demarcação e demarcação de nomes” para essas equipes eram ataques contínuos a seus territórios por meio de atores estatais e não estatais. Além disso, ela destacou que a falta de cobertura dessas terras contribui para a violência contra mulheres indígenas e quilombolas, “incluindo feminicídios e estupros”.

A relatora adicional da ONU disse que os efeitos do estupro na vida de mulheres de grupos raciais e étnicos marginalizados podem ser exacerbados pela falta de acesso suficientemente bom aos direitos de saúde reprodutiva, ou seja, o direito ao aborto legal.

Ashwini ressaltou a importância de um plano de ação coordenado para combater urgentemente o racismo ambiental e disse que o Brasil pode aproveitar as negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, a ser realizada em Belém, no Pará, em 2025, para demonstrar liderança nessa área. . a este respeito.

O especialista fez escala oficial no Brasil entre os dias 5 e 16 de agosto de 2024 a convite do governo. Viajou para El Salvador, São Luís, São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro. Nesses locais, ele se reuniu com setores governamentais e comunidades que sofrem discriminação, bem como com mais de 120 representantes da sociedade civil que defendem o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância.

Nessa avaliação inicial, o relator especial insistiu que o governo brasileiro reconheça, enfrente e resolva “as causas profundas, os velhos pontos e os desequilíbrios geográficos” na luta contra o racismo e as “estruturas de força subjacentes”, uma abordagem de justiça restaurativa.

Ele insistiu que o Brasil dedique muito mais recursos aos esforços para combater a discriminação racial, a fim de “acelerar a velocidade da mudança”.

A Relatora Especial apresentará um relatório final sobre sua visita, acrescentando observações e recomendações, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho de 2025.

Para mais reportagens, visite UN News, parceiro da Metrópoles.

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