A disputa começou com a apresentação da Ciranda Império da Compensa no Centro Cultural dos Povos da Amazônia
A organização regional de dança Império da Compensa se juntou ao Festival Folclórico do Amazonas em meados dos anos 2000, representando o amor, o estilo, o swing e a determinação dos cirandeiros. Em 2024, a organização lançou a primeira ciranda a se apresentar na categoria Ouro do 66º Folclore do Amazonas. Festival, organizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, no Centro Cultural Povos da Amazônia (CCPA).
A organização representa uma cultura amazônica: as cirandas, que são uma das danças folclóricas mais esperadas e celebradas do Festival Folclórico do Amazonas. A competição é acirrada. Este ano, além do Império, as cirandas Rosas de Ouro, Do Binha, Imperatriz, Da Visconde, Força Jovem, Independente do Coroado, Princesinha da Vila, Sensação da Raiz e Maravilha disputam o nome de campeã.
Ciranda foi trazida para a Amazônia no final do século XIX, na cidade de Tefé (a 523 quilômetros de Manaus), por meio de um afrodescendente pernambucano chamado Antônio Felício e um professor chamado Isidoro Gonçalves. Desde então, tornou-se popular. No estado, e na capital, há cordões de cirandeiros em todas e cada uma das comunidades da cidade e praticamente em todas e cada uma das comunidades.
Em Manacapuru (68 quilômetros de Manaus), a ciranda cresceu e prosperou, evoluindo para o Festival de Cirandas de Manacapuru, também promovido pelo governo do Amazonas, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Este ano, a ocasião acontece entre 30 de agosto e setembro. 1.
Tema e destaques
Defendendo as cores amarela, dourada e preta, que simbolizam a Festa da Banana, a Ciranda Império da Compensa apresentou o tema “Coari Coaya Cory”, transportando para o palco do Centro Cultural dos Povos da Amazônia os destaques oferecidos em todo o Cirandeiro: Bonito, Jefe, Subcocinero, Cirandeiro, Abanderado, Cupido, Mate, Constância, Señor Honorato, Carão e o Caçador. Cada círculo escolhe um tema para oferecer na arena.
O repertório das cirandas incluiu músicas-tema de cada organização que cativam o público. No caso do Império, podemos citar “Império Tema”, “Império Concert” e “Império Porta-Cores”. A turnê também incluiu em sua apresentação a apresentação da música “Notre-Dame” por meio do apresentador oficial da Ciranda Império deste ano, Victor Schaefer.
Clemilson Gomes, 45 anos, é fundador e presidente da Ciranda Império há 28 anos, além de industrial e dono de loja própria. Conhecido como folclorista, ele conta que a apresentação da Ciranda Império deste ano tem como foco a representação da cidade de Coari (363 quilômetros de Manaus).
“Faço ciranda por hobby e porque sou folclorista. Este ano trouxemos outras pessoas de Coari para a apresentação. Em 2022 passamos do bronze para a prata e no ano passado conquistamos o ouro, é um aumento”, disse.
A homenagem a Coari chamou a atenção da população desse município. Elivandro Picon, 42 anos, natural de Coari, pesquisador e psicólogo educacional, chegou a Manaus pela primeira vez para parar no Festival Folclórico do Amazonas e testemunhar a homenagem à sua cidade.
“Tomei conhecimento do Festival graças à Ciranda Império. Vi um post no Instagram falando sobre Coari e eu vindo a Manaus homenageá-los”, conta Evandro. “Estive no ensaio deles em Compensa e fiquei surpreso. ” Eles ensaiaram na rua, com muitas outras pessoas. Foi lindo ver, sentir esse calor humano das outras pessoas aqui, fazendo arte na rua”, lembra Elivandro.
Ele também expressa sua alegria em acompanhar a evolução do grupo. “Eu vi isso como qualquer coisa na rua e se tornou um show extraordinário, para se apresentar neste grande palco. Presenciei um show emocionante, foram muitas coisas bonitas”, disse o nativo de Coari.
Tradição e evolução
Benvindo Leal, 55 anos, folclorista e empresário do setor de ocasiões, diz acompanhar todas as edições do Festival Folclórico. “Venho monitorar principalmente se há uma estagnação nos grupos, se o folclore ainda pode ser reavivado de uma forma que possa constituir culturalmente o estado amazônico, que é muito rico”, afirma. ele.
“As cirandas evoluíram de tal forma que, na minha opinião, ainda querem não esquecer um pouco da base, da raiz, para que possamos renovar e salvar essa cultura para perpetuá-la”, diz ele.