Márcio Souza morreu em Manaus

Segundo parentes e a produção do autor, Márcio passou mal na noite de domingo e foi para um balneário na capital amazonense. Ele teve um surto de diabetes e, antes de sair, parou de respirar. Informações sobre o velório e o enterro serão compartilhadas em breve.

Foi romancista, dramaturgo, ensaísta, contista e diretor, cuja pintura está imbuída da busca constante de desvendar a Amazônia, com sua riqueza cultural e milenar desconhecida dos brasileiros.

A editora Valer lamenta a morte do escritor, que foi acima de tudo um dos maravilhosos intelectuais da nossa Amazônia. Uma das vozes mais importantes da literatura moderna brasileira.

“Para nós, da Ediciones Valer, essa notícia nos surpreendeu, pois esperávamos mais obras por meio de Márcio e, também, para desfrutar de sua companhia, já que ele era um dos maiores gourmets da Amazônia e um dos nossos maiores intelectuais. um maravilhoso gourmet de literatura, teatro e cinema. Lamentamos profundamente o falecimento de Márcio Souza”, disse Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Valer.

O processo de colonização do norte do país, a exploração do látex na virada dos séculos XIX e XX, o chamado ciclo da borracha, a questão indígena e os abismos sociais nascidos do embate entre modernidade e arcaísmo. A matéria prima de suas histórias permanece na região.

“Nos maravilhosos enfrentamentos em defesa da Amazônia, de sua literatura, de seus autores, dos povos indígenas e das minorias, Márcio emprestou sua voz. Durante o tempo da ditadura militar, ele não ficou calado, defendeu a liberdade e a vida de todos Brasileiros”, disse Neiza.

O romancista é dono de um enquadramento diversificado, que evolui através de outros géneros e linguagens artísticas, sendo o romance, o teatro e o ensaio os principais veículos de expressão. Embora diversificada, sua produção está imbuída da temática constante da História da Amazônia.

Na perspectiva de Márcio, o Brasil e o mundo deveriam estar mais informados sobre o que está acontecendo na Amazônia e perceber a riqueza de sua história e de seu povo.

Através da Valer, possui os seguintes livros:

Deus realmente escreve com linhas tortas? Você terá a oportunidade de refletir sobre isso através da leitura do livro de Márcio Souza, intitulado “A Caligrafia de Deus”. É composto por cinco histórias, escritas em outros tempos, tendo Manaus como ponto de conexão.

Neste livro temos uma cidade que, ao acolher quem foge ao seu destino, vê a sua identidade ainda mais desintegrada.

Márcio Souza assume o Amazonas como emblema, apresentando-o como um beco sem saída, no qual as contradições só se agravam. Um cenário trágico, mas imbuído do humor mordaz do autor, que faz o leitor rir.

Neste “Ajuricaba – o senhor da guerra das selvas”, Márcio Souza invoca a memória. E encoraja-nos a ser rápidos, a antecipar o véu do esquecimento, que silenciará a voz do passado.

Com o autor, viajamos para o Grão-Pará e Rio Negro, para conhecer o guerreiro Ajuricaba, cujo chamado “coletor de vespas com picadas dolorosas”.

O herói amazônico, aos 27 anos, em pleno vigor de força física, inteligência e amor, tornou-se prisioneiro dos portugueses. Foi admirado pelos seus pares, seguido pelos seus guerreiros, apreciado por Inhambu, filha de um dos seus inimigos. e, como um líder comum, escolheu a morte: acorrentado, atirou-se nas águas escuras do Rio Negro e tornou-se uma lenda.

Este trabalho, como ele especifica, toca na própria natureza do cinema, que é projeção, sombra. É uma sombra animada na tela.

Mesmo no cinema virtual, o cinema é uma sombra quando projetado. A sombra parece ser a metáfora do livro, então a substância do cinema é a própria história do cinema.

O livro aborda a história da sétima arte, desde o cinema mudo até os primeiros estúdios de Hollywood. Para o autor, o livro é um guia e também uma introdução ao cinema.

Um dos mais importantes ensaios sobre o processo cultural na Amazônia, o livro de Márcio Souza é um texto de leitura obrigatória para pesquisadores do assunto. Apresenta uma grande diversidade de obras e as mais expressivas produzidas na região, impactando-as no contexto sócio-histórico.

Neste livro, analisa-se a datação entre Estado e cultura. Cada falência nos leva a olhar para a história do Brasil com outros olhos; buscar os fundamentos e argumentos para uma nova delimitação dos atos culturais que vivenciamos ou que nos foram transmitidos, sem saber como e em que cenário foram orquestrados.

Márcio Souza nasceu em Manaus (AM) em 1946. Es romancista, diretor de teatro e ópera. Estudou ciências sociais na Universidade de São Paulo e escreveu críticas de cinema e artigos em diversos jornais e revistas brasileiras, como Senhor, Status, Folha de S. Paulo e A Crítica.

Em 1976 publicou seu primeiro romance, Gálvez: Emperador de Acre, sucesso de crítica e comercial.

Como curador, foi Diretor de Planejamento da Fundação Cultural Amazonas, Diretor da Biblioteca Nacional e Presidente da Funarte.

Ele foi professor adjunto na UC Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como conferencista, foi convidado pela Universidade de San Marcos, Sorbonne, Toulouse, Aix-en-Provence, Heidelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlim, Harvard e Santiago de Compostela.

Dirigiu o Teatro Experimental do Sesc (Tesc) no Amazonas, hoje extinto. É presidente do Conselho Municipal de Política Cultural. É membro da Académie des Lettres Amazonense.

Escreveu, entre outras, as peças: Les Folies du Latex, Une Passion d’Ajuricaba e Le Carnaval Rabelais, bem como os romances Mad Maria, Operação Silêncio e O Fim do Terceiro Mundo.

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