Mato Grosso é o estado com mais casos de hanseníase no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2023 foram 4.625 novos diagnósticos. O número representa 20% do total de casos registrados no país no período. Já conforme a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), atualmente há 5.336 pessoas em tratamento contra a hanseníase no estado e, em 2024, foram registrados 5 óbitos. Exatamente pela alta incidência e pelo estigma que a doença ainda carrega, foi criada a campanha Janeiro Roxo e, dia 26 de janeiro, é marcado como o Dia Mundial Contra a Hanseníase. O objetivo da ação é alertar e conscientizar a sociedade no combate à doença – que tem tratamento e, principalmente, cura. Leia também -Saiba quando chamar e como agir ao pedir socorro médico do Samu
“Infelizmente, Mato Grosso tem esse placar negativo e, de forma geral, o Brasil é responsável por aproximadamente 90% dos novos casos diagnosticados nas Américas, sendo o segundo país a diagnosticar o maior número de casos no mundo. Mas costumo dizer que a forma mais produtiva de salvá-lo é a capacitação e o diagnóstico precoce”, explica o médico da Unimed Cuiabá, Anderson Andreu Cunha. Para o profissional, o ideal é procurar ajuda especializada. “Teremos que buscar, seja na atenção complementar ou no sistema público, o atendimento de um dermatologista, de um leproso ou de um círculo de familiares e médicos da rede. Às vezes são as especialidades mais produtivas, capazes de identificar e tratar essa patologia”, alerta Cunha. Mas por que Mato Grosso e o Brasil em geral apresentam taxas de doenças tão altas? Conforme explica o médico cooperado, são vários pontos. “Desigualdades sociais, baixo nível educacional, espaços rurais e remotos, floresta amazônica – que é uma região propícia à proliferação do bacilo -, clima tropical, sub-registro, estigma e preconceito, desconhecimento, baixa política de vacinação (BCG, fundamentalmente) e a falta de profissionais qualificados são alguns dos pontos que nos levam a ocupar essa posição no ranking da hanseníase”, explica, porém, que a doença tem remédio e cura “Em geral, estamos falando de qualquer coisa. que pode durar de 6 meses a 24 meses e que tem remédio avulso pelo SUS Minha recomendação é: ao menor sinal de imperfeição na sua pele, com restauração da sensibilidade lá embaixo, procure um especialista. , Só assim conseguiremos superar preconceitos e conseguir diminuir o número alarmante desta doença em nosso país Mais informações – A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e é uma doença infecciosa, contagiosa e crônica. Afeta principalmente a pele, nervos periféricos e mucosas. Os principais sintomas da doença são manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou acastanhadas) e/ou áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica (quente e fria), dolorosas e/ou táteis. Além de acometimento de nervos periféricos, geralmente com espessamento da pele, relacionado a substituições sensitivas, motoras e/ou autonômicas. Tratamento – O SUS oferece atendimento e acompanhamento de pacientes em unidades básicas e de referência de ginástica, sem necessidade de internação. O tratamento é realizado com a combinação de três antimicrobianos – rifampicina, dapsona e clofazimina – denominada cura única multimedicamentosa (MDT-U). Essa mistura diminui a resistência do bacilo aos medicamentos, o que ocorre quando se utiliza apenas um medicamento. A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença e, mesmo quando o medicamento é administrado, a bactéria deixa de ser transmitida. O paciente é acompanhado por um profissional de fitness durante consultas, por vezes mensais, durante as quais recebe também um novo cartão MDT-U. Quando necessário e a critério médico, o paciente possivelmente será encaminhado a centros de referência em hanseníase para avaliação clínica aprofundada, para determinar a necessidade de prescrição de outros medicamentos auxiliares. Em Mato Grosso – Segundo o governo de Mato Grosso, o atendimento à hanseníase deve ser realizado em todas as unidades de saúde do município. Nos casos mais complexos, os pacientes são encaminhados para os Ambulatórios Especializados (AAER) ou para o Centro de Referência de Média e Alta Complexidade (Cermac), unidade atendida pelo Estado. O combate à doença requer estratégias integradas, a expansão do acesso a cuidados físicos e a abordagem do estigma associado à lepra. Para tanto, a SES-MT revisou o Plano Estratégico de Combate à Hanseníase, que inclui: • Ampliação e fortalecimento da rede de atenção à saúde; • Ações de educação e estudo; • Ênfase na redução do fardo das doenças e no combate ao preconceito; inclusão social e melhoria da qualidade de vida. Além disso, por meio da Escola de Saúde Pública, o Estado de Mato Grosso oferece especialização aos médicos e especialização interprofissional para atenção integral à hanseníase. Desde o início da especialização, 33 médicos receberam o nome de leprosos.
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