Eles descobriram que a ingestão de microplásticos pode ter efeitos negativos no crescimento juvenil, no ganho de peso e influenciar a sobrevivência dos adultos.
Foto: Gustavo Yomar Hattori/Arquivo Pessoal
Um grupo de pesquisadores do município de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus), no Amazonas, avaliou os efeitos da ingestão de microplásticos em caranguejos vermelhos (Dilocarcinus pagei), espécie comum na região amazônica encontrada em área de várzea. A pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), buscou conhecer os impactos dos poluentes, na preservação dos crustáceos e da fauna aquática.
Apoiados pelo Programa de Apoio à Pesquisa da Fapeam – Amazonas Universal, parecer n° 006/2019, os estudos intitulados “Resíduos microplásticos e sua influência na biologia do caranguejo Dilocarcinus pagei capturados nas áreas alagadas de Itacoatiara” evoluíram por meio de cientistas do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Eles descobriram que beber microplásticos pode ter efeitos negativos no crescimento juvenil, ganho de peso e influenciar a sobrevivência de adultos dessa espécie de caranguejo de água doce.
Segundo o coordenador da pesquisa, Gustavo Yomar Hattori, as partículas de microplásticos vêm sendo encontradas em grande variedade e quantidade em ambientes de água doce, com exposição cada vez mais frequente nos organismos aquáticos.
Doutor em Zootecnia, Gustavo Hattori afirma que o efeito da ingestão do microplástico misturado na ração e à macrófita também foram avaliados no crescimento de juvenis dos caranguejos, recém eclodidos por um período de 90 dias, além do efeito no ganho ou perda de peso de machos e fêmeas adultos.
O estudo analisou via microscopia eletrônica de varredura (MEV), lupas com sistema de análise de imagem e a espectroscopia vibracional Raman para identificar e confirmar a presença das partículas microplásticos oriundas de sacolas plásticas de polietileno fragmentadas 0,5 e 1 milímetro nos crustáceos.
A coordenadora relata que os caranguejos têm hábito alimentar onívoro além de serem atraídos por matéria biológica em decomposição.
Para conscientizar sobre a poluição por microplásticos nos rios, lagos e córregos da região, os pesquisadores também realizaram oficinas na área urbana de Itacoatiara.
*Com de Fapeam