Após sua morte em um hospital psiquiátrico, um ex relata seu trauma e terror

Metropólesmetropoles.com

16/01/2025 02:43, atualizado em 16/01/2025 07:24

“Lá te tratam como um louco, mesmo que você não tenha essa doença”, foi como um ex-paciente do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) descreveu a sensação de estar na unidade psiquiátrica do Distrito Federal.

Ela foi internada em 2023 aos 20 anos após um grave ataque de depressão e para tornar público esse deleite, após a morte no local da paciente Raquel de Andrade, de 24 anos.

As duas chegaram a ficar internadas por um tempo juntas. “Raquel era muito conhecida lá dentro. Eu levei um susto quando descobri por um conhecido que ela tinha morrido, não acreditei”, disse.

O ex-paciente não quis ser identificado. A jovem disse que tinha pensamentos suicidas e que o psiquiatra lhe disse para ficar no hospital, mas, segundo ela, essa “permanência” não tinha nada a ver com o que foi prometido.

“Quando cheguei aqui, eles me colocaram em uma maca e me amarraram, porque eu estava super consciente”, enfatizou.

“Não chorei mais, não gritei mais. A única coisa que fiz foi chorar porque não precisava ficar, mas já entendi que tinha que ficar ali”, disse.

“A enfermeira me disse para evitar chorar e gritar, senão me dariam uma injeção”, lembra ele. A jovem lembrou que, ao falar sobre a sua idade, outro profissional médico disse que a sua internação no hospital foi resultado de “pessoas que cresceram sem ouvir ‘não’ de nenhum dos pais”.

“Ouvir isso naquele momento me rasgou”, completou. Ela ficou no quarto de uma jovem de 18 anos, que é autista.

“Acho que aquele lugar não era para ela, acho que a mãe dela também pensou que seria tratada de outra forma. E, lá, eu que cuidava dela”, contou.

“Por tudo o que passei e por saber como é lá, sou totalmente a favor de terminar este lugar”, concluiu.

A Metropoles falou sobre esse assunto com uma fonte do Ministério da Saúde. Segundo ela, cabe ressaltar que o paciente não foi transferido para nenhuma outra unidade da rede pública, nem para diagnóstico nem para a cura da crise. Em vez disso, a mulher foi imobilizada no início da manhã.

Outro ponto questionado foi a estratégia de acompanhamento do paciente após a aplicação do medicamento, na manhã do dia 25. Segundo a fonte, a vigilância deve ser constante através dos equipamentos disponibilizados no quarto.

O Ministério da Saúde (SES-DF) informou em nota que “a causa da morte do paciente no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) ainda está em investigação por meio do Instituto Médico Legal (IML)”.

O ministério também avalia o cumprimento das leis nacionais e estrangeiras que protegem os direitos humanos, os critérios de proteção dos pacientes e os protocolos de atendimento.

A secretaria informou ainda que foi criada uma organização encarregada de elaborar um plano de ação para a desmobilização dos leitos psiquiátricos do FD, acrescentando os do HSVP.

 

 

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