Usuários da Unidade Central de Agentes Terapêuticos do Rio Grande do Norte (Unicat-RN) continuam enfrentando dificuldades para ter acesso a medicamentos que deveriam estar disponíveis gratuitamente para a população. Na manhã desta terça-feira (21), conforme levantamento feito pela TRIBUNA DO NORTE com base nos dados disponíveis no site da Unicat, havia 65 medicamentos em falta, o equivalente a 30% de um total de 216 ofertados. Alguns usuários não conseguem receber os remédios desde o ano passado, conforme relatos colhidos pela reportagem.
É o caso de Maria, tia de Eineide. A mulher de 81 anos está em tratamento para a coluna devido a um problema ósseo complexo. Em outubro, o médico prescreveu romosozumabe 90 mg/ml, uma solução injetável que Erineide diz não usar. temos acesso, mesmo em farmácias. ” Desde que o médico deu essa injeção, temos tentado, mas aqui na Unicat não conseguimos. Minha tia não consegue nem andar porque todos os ossos de sua coluna estão desgastados. O caso é muito sério”, diz Erineide sobre a condição da tia.
Diante da contínua falta de acesso, Erineide afirma que pretende acionar a justiça para fazer com que a Unicat viabilize a medicação. “Ela vai precisar tomar duas aplicações por mês. Por enquanto, não tem outro jeito a não ser esperar, porque a gente não encontra essa injeção na farmácia”, diz a mulher. A dona de casa Maria da Guia Soares, de 56 anos, está preocupada porque a irmã dela, diagnosticada com cirrose, vai ficar sem o remédio (pancreatina 25 000 UI CAP) que auxilia na digestão. “Faz quatro meses que ela descobriu a cirrose, está com a barriga muito grande. Cheguei hoje para pegar o remédio e não tem”, conta Soares.
A dona de casa disse que a pancreatina custa em média R$ 180, mas nem ela nem a irmã têm condições de comprá-la. “Não pinto porque tenho que cuidar dela, então não tenho como comprar remédios”, diz ela. O aposentado Luiz Araújo, 76 anos, foi à Unicat buscar medicamentos (formoterol budesonida 6. 200 mg e 12. 400 mg) para a companheira, que está tratando de problemas respiratórios, mas não conseguiu acessá-los “Hoje venho pela primeira vez. mas ela [o casal] já veio 4 vezes e não tem remédio não sei se ela tem condições de comprar, porque ela usa outros remédios e ela não consegue aqui, ela tem que pagar”, afirmou. diz a mulher. pensionista
Os desafios da Unicat limitam-se à falta de produtos farmacêuticos. Na segunda-feira (20), os usuários relataram longa espera para receber seus medicamentos; alguns deles disseram que a espera foi de até seis horas. A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), que administra a Unicat, anunciou que um desafio na fórmula interna da unidade causou atrasos no atendimento. Ontem, os usuários informaram à reportagem que não houve desafios com a espera, que registrou duração média de 30 minutos.
Também nesta terça-feira, a TRIBUNA DO NORTE questionou a Sesap sobre a falta de medicamentos, mas o ministério respondeu à informação. Segundo dados divulgados no site da Unidade, 51 medicamentos estão em processo licitatório (incluindo formoterol e pancreatina, discutidos neste relatório), 12 aguardam distribuição pelo Ministério da Saúde (incluindo romosozumabe) e dois estão suspensos.